Na quarta-feira da próxima semana, às 18 horas, no Átrio dos Paços do Município de Maputo, a Cavalo do Mar Edições vai realizar uma sessão de apresentação pública do livro A minha história, um livro autobiográfico da autoria de Virgínia Tembe.
A minha história será apresentado pelo escritor e professor universitário Lucílio Manjate, numa sessão que vai contar com leituras na voz da actriz Joana Mbalango e com proposta musical da cantora Mingas.
Para além de narrar o percurso pessoal da autora como nacionalista e o seu engajamento em diferentes etapas da luta clandestina, no Sul de Moçambique, A minha história é um olhar sobre diversos eventos críticos da história contemporânea do país.
Conforme sugere o poeta Mbate Pedro, autor do prefácio, o livro A minha história é importante porque ajuda a perceber o papel da mulher moçambicana na luta clandestina contra a opressão colonial portuguesa. Avança o poeta e editor: “A autora deste livro, minha mãe, tal como outras mulheres suas contemporâneas, teve um papel activo no duplo anseio da independência e emancipação, travando essas duas batalhas em paralelo. Poucos livros publicados até agora fazem uma clara menção ao importante papel da mulher na frente clandestina no Sul do nosso país, não obstante a mulher ter vivido intensamente os vários momentos da confrontação anticolonial”.
Além de Virgínia Tembe descrever a sua trajectória de vida e o seu papel na luta de libertação nacional, no seu livro vem demonstrar que a participação da mulher na rede clandestina no Sul de Moçambique vai para além de um papel inferior, circunscrito ao espaço doméstico. Ela, a mulher, tal como o seu companheiro, o homem, foi protagonista da proeza nacionalista e operou nos grandes palcos da luta pela independência nacional.
Em A minha história, livro de memórias, a autora narra o seu percurso pessoal como nacionalista e o seu engajamento em diferentes etapas da luta clandestina, incluindo a sua participação em várias discussões políticas, lado a lado com outros militantes homens. Portanto, trata-se de um livro que recupera parte importante do passado de Moçambique, mergulhado na longa noite colonial, numa viagem anacrónica que incide em vivência de um tempo difícil, mas que não se deve esquecer.
Virgínia Tembe foi militante na clandestinidade contra o regime colonial português, antiga presa política, enfermeira e humanista. Nasceu em 1938, na localidade de Denguene, na Província de Gaza. Foi refugiada política na Suazilândia e, integrada no chamado “Grupo dos 75”, foi raptada e detida na África do Sul, a caminho do Tanganyika, pela BOSS, polícia secreta sul-africana. Entregue à PIDE, permaneceu em reclusão cerca de quatro anos, primeiro no Campo de Concentração de Mabalane e, mais tarde, na Cadeia da Sommerschield, em Lourenço Marques. Após a independência de Moçambique, retirou-se da vida política activa. Na qualidade de profissional de saúde, trabalhou em vários hospitais e serviços de saúde dispersos pelo país, oferecendo os seus cuidados de enfermagem aos mais vulneráveis, com destaque para mulheres grávidas e crianças.
Fonte:O País