ENTREVISTA A BOLA «Cristiano Ronaldo sempre foi o comandante»

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Hugo Almeida vestiu a camisola da Seleção em 54 ocasiões, somou dois Europeus e outros tantos Mundiais, mas é em terras germânicas que é recordado como o ‘bombardeiro de Bremen’. Agora, do lado de fora, a trabalhar no Sepahan, do Irão, diz a A BOLA estar a torcer por Portugal num país especial para o ex-avançado que desejou: «Tragam o caneco!». E no final ainda recordou aquele episódio em que CR7 lhe chamou de comandante da equipa portuguesa

– Antes de falar das suas expetativas para Portugal gostava de lhe perguntar: como se vive um Europeu no Irão?
– O Europeu vive-se de forma intensa, como é lógico, apesar de não estar apesar de não estar no seio do nosso País, a viver o ambiente em si, as pessoas nas ruas, o que acontece por aí, aqui somos seis portugueses a viver, nesta equipa técnica, e vivemos tudo intensamente, com emoções, muita esperança de que Portugal comece com o pé direito e consiga trazer o caneco ou ir o mais longe possível neste Europeu.

– Não vai ter oportunidade para assistir a nenhum jogo?
– Infelizmente não terei essa oportunidade, uma vez que estou a trabalhar como adjunto de José Morais no Sepahan [Irão] e teremos de nos apresentar no dia 5.

Portugal quer voltar a fazer história num Europeu. Há quem diga que esta é uma das melhores gerações de sempre. Concorda?
– Sim… penso que Portugal tem uma geração muito, muito boa. Agora se será óbvio que possa ser uma das melhores gerações de sempre, não sei. Não o posso confirmar. O futebol mudou, as pessoas mudaram, muitas das coisas que se pensava a nível do futebol hoje em dia já é diferente. Atualmente temos jogadores jovens a aparecer muito cedo nos grandes clubes e seleções e antigamente isso era quase impensável. Mas que temos grandes jogadores, nas melhores equipas do mundo, temos. Somos um país muito pequeno e temos sempre jogadores no top-10 dos melhores do mundo.

– Aqui na Alemanha ninguém esquece o Hugo Almeida, especialmente aquele remate. É um país especial para si?
– Claro. Muito. Foi onde passei dos melhores momentos da minha carreira, onde me dei a conhecer como jogador, as pessoas começaram a seguir-me e admirar-me, fiz por aí uma grande carreira do qual me orgulho. Devo muito a esse treinador [Thomas Schaaf] no Werder Bremen e também à Bundesliga porque hoje sou reconhecido pela carreira que construí nessas cinco épocas [de 2006 a 2010]. Que Portugal seja tão feliz como eu fui na Alemanha!

– A expetativa é elevada. Acredita que Portugal pode voltar a uma final e repetir 2016?
– Penso que sim. Claramente. Apesar de existirem fortes candidatos, como a França, Inglaterra, Alemanha que joga em casa, a Itália que é campeã em título, Espanha que é sempre uma seleção muito difícil, penso que Portugal estará sempre neste lote de quatro, cinco seleções muito fortes e que são candidatas a vencer o torneio.

Atualmente temos jogadores jovens a aparecer muito cedo nos grandes clubes e seleções e antigamente isso era quase impensável. Mas que temos grandes jogadores, nas melhores equipas do mundo, temos. Somos um país muito pequeno e temos sempre jogadores no top-10 dos melhores do mundo

– O que é mais importante, numa prova como esta, pela sua experiência, para uma equipa ter sucesso?
– Existem alguns fatores decisivos. O primeiro, dos mais importantes, passa pelo momento individual. Porque é uma época longa, muitos jogadores contabilizaram mais de 50/60 jogos, é impossível não haver um desgaste. E para se ganhar numa prova destas é preciso saber como está o jogador fisicamente e emocionalmente. E depois como o grupo se sentirá como a equipa, porque uma seleção não trabalha diariamente, e no final, claro está, uma pontinha de sorte naqueles jogos que decidem tudo. Esses são os fatores englobados, como é lógico, na qualidade de cada jogador e seleção.

– Há alguma história que recorde dos Europeus de 2008 e 2012 em que participou?
– São sempre aquelas que guardamos para nós. Não gosto muito de partilhar porque englobam outras pessoas. É mais o companheirismo, o que fazemos nos tempos mortos, sempre em brincadeiras, sobretudo a jogar as cartas. Atualmente já não é bem assim, é mais Playstation [risos], a rivalidade só existe nesse tipo de jogos. Além de alguns momentos de treino, são as ligações mais fortes que se criam e ajudam a formar uma verdadeira equipa, boas camaradagens e grandes famílias. Isso é o que levo de melhor de todas as provas, Europeus ou Mundiais onde estive.

Sempre lembrado em Bremen

Contas feitas, Hugo Almeida representou 13 clubes na carreira, oito deles em países diferentes, mas é no Werder Bremen, na Alemanha, que é recordado por todos: 68 golos em 187 jogos. Um registo máximo na carreira do avançado, atualmente com 40 anos, que deixou os relvados em 2020 ao serviço da Académica.

Comandante de… Ronaldo

A fotografia tornou-se viral em 2014 aquando de uma viagem da Seleção para os EUA para preparar o Mundial. Cristiano Ronaldo ao lado de Hugo Almeida com este a aparecer com um novo visual de… bigode. CR7 partilhou a fotografia com a legenda. «Hoje vou ao lado do comandante», escreveu. Hugo Almeida recordou o episódio a A BOLA e deixou uma ressalva. «Ele é que foi e será sempre o nosso comandante. A Seleção depende muito do que ele faz», disse.

Na final da Taça do Irão

Hugo Almeida não vai poder estar presente no Euro-2024, na Alemanha porque estará em plena competição. O antigo avançado, que trabalha no Sepahan, continua a preparar o decisivo duelo da final da Taça do Irão, partida que está marcada para a próxima quinta-feira, na qual irá medir forças com o Mes Rafsanjan. Uma vitória, recorde-se, colocará a equipa iraniana, liderada por outro português, José Morais, na pré-eliminatória da Liga dos Campeões da Ásia, um dos grandes objetivos da temporada.

Fonte: A Bola

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