Há uma concorrência desleal no Mercado de Trabalho Jovem em Moçambique

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O empresário Inocêncio Paulino lançou uma análise profunda sobre os obstáculos enfrentados pelos jovens moçambicanos no mercado de trabalho, destacando, em particular, a questão da concorrência desleal. Em declarações ao “Semanário Económico”, Paulino sublinhou que, para além das dificuldades de entrada no mercado, muitos jovens empreendedores competem com estrangeiros que chegam ao País com apoio financeiro e outros incentivos dos seus governos, criando uma desigualdade no acesso a oportunidades de negócio.

“Os jovens, hoje em dia, estão frustrados. Para qualquer situação, reagem negativamente,” afirmou Paulino, sugerindo que as políticas públicas deveriam focar-se em acalmar essa tensão através da criação de novas oportunidades estruturadas de ocupação e emprego. A defesa de políticas que ofereçam preferência nacional é, para ele, uma medida necessária para proteger e valorizar o capital humano local. “Precisamos de trabalhar para que, primeiro, valorizemos o capital humano nacional,” insistiu.

Paulino aponta exemplos de concorrência desleal, como o caso das fábricas de chapas de zinco, que operam em Moçambique com incentivo de isenções de direitos de importação, mas sem agregar valor tecnológico. “Será que no fim do dia são mesmo fábricas? Estas fábricas qualificam o investimento estrangeiro? Penso que não,” argumentou. Ele sugere que a falta de uma política que privilegie o produto nacional dificulta o desenvolvimento e a expansão das pequenas empresas moçambicanas.

Para Paulino, o desenvolvimento de políticas que não apenas promovam a criação, mas também a sustentabilidade das PMEs, é essencial para a dinâmica do mercado laboral e para o aumento e diversificação da oferta de emprego. Ele acredita que, sem acesso a financiamento adequado e políticas que facilitem o crescimento, muitas empresas não conseguem atingir seu potencial de geração de emprego e inovação. “É preciso que compreendamos que uma empresa só existe quando tem capital para investir,” declarou. “Se as nossas políticas estiverem muito bem alinhadas com essa perspectiva, é possível termos também a facilidade de acesso ao financiamento.”

Paulino enfatiza que o Governo e o sector privado devem colaborar para criar políticas públicas que fortaleçam o mercado interno e ofereçam margem de preferência ao produto nacional. Ele sugere, por exemplo, que produtos e serviços fornecidos por empresas moçambicanas, especialmente aquelas lideradas por jovens, possam ter um diferencial competitivo em processos de aquisição e licitação pública. Na sua opinião, “tem que haver estímulos para isso. Se é um produto que vem através de uma iniciativa de um jovem, tem que ter um valor diferenciado.”

O empresário acredita que a valorização e a protecção do trabalho dos jovens moçambicanos no mercado laboral são passos cruciais para fortalecer o tecido económico do país e permitir um crescimento sustentável. Segundo ele, as lideranças públicas e privadas têm a responsabilidade de desenvolver políticas que transformem Moçambique em um ambiente de negócios onde a inovação e o mérito dos jovens possam ser recompensados e onde as PMEs possam contribuir para a diversificação e expansão da economia nacional.

Fonte: O Económico

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