Inclusão e diversidade no mundo corporativo: transformações inteligentes

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Tem sido amplamente discutido que a inclusão e a diversidade impulsionam o desempenho corporativo. Mais do que uma questão de responsabilidade social, criar um ambiente de trabalho inclusivo, onde a diversidade de gênero, raça, orientação sexual e outras características sejam valorizadas, tem se mostrado um fator de inovação e competitividade. Empresas que abraçam essas práticas não apenas promovem justiça social, mas também colhem resultados financeiros superiores.

Estudos recentes reforçam essa visão. A McKinsey & Company, em sua pesquisa Diversity Wins: How Inclusion Matters (2020), apontou que empresas com maior diversidade em suas lideranças são 25% mais propensas a superar financeiramente suas concorrentes. A diversidade de pensamento e de experiências favorece a resolução de problemas de maneira criativa e ágil, o que é uma vantagem considerável em um mercado cada vez mais dinâmico. No entanto, muitas organizações ainda têm dificuldades em implementar práticas de inclusão que realmente façam a diferença.

Um dos maiores desafios na construção de ambientes inclusivos é combater as desigualdades estruturais presentes no mercado de trabalho e o engajamento das empresas sobre este tema é o primeiro passo para esta transformação. De acordo com o último Estudo de Recursos Humanos em Moçambique (2024) organizado pela Flow Group, o tema “Inclusão e Diversidade” não está entre as dez prioridades das empresas. O “desempenho profissional” e a “retenção de talentos” são as duas principais prioridades mencionadas e estao diretamente relacionadas com políticas de inclusão e diversidade, pois é através de um trabalho consistente nestas áreas que indicadores de desempenho e retenção podem ser fortalecidos. 

Para criar ambientes corporativos verdadeiramente inclusivos, as empresas precisam ir além das iniciativas pontuais e adotar estratégias consistentes e de longo prazo que permitam o desenvolvimento de profissionais. Isso inclui a revisão dos processos de contratação, para que sejam mais acessíveis e equitativos, bem como a criação de políticas de desenvolvimento de talentos voltadas para grupos sub-representados. Também é crucial promover treinamentos para as equipes, visando combater preconceitos inconscientes e criar uma cultura organizacional verdadeiramente inclusiva, com respeito às diferenças e segurança psicológica. 

O impacto da inclusão não se limita à melhoria do ambiente de trabalho. A pesquisa Delivering Through Diversity (2018), também da McKinsey, mostrou que empresas com práticas inclusivas têm maior engajamento dos colaboradores e alcançam melhores resultados. Isso acontece porque a diversidade de perspectivas gera um ambiente de trabalho mais dinâmico, onde ideias inovadoras são mais facilmente desenvolvidas e implementadas. Além disso, os funcionários se sentem mais valorizados e, consequentemente, mais motivados a contribuir para o sucesso da organização.

Outro ponto importante é a retenção de talentos. Empresas que não valorizam a diversidade podem enfrentar dificuldades para manter colaboradores qualificados, especialmente aqueles de grupos minoritários, que muitas vezes se veem excluídos das oportunidades de progressão na carreira. Criar redes de apoio internas, como grupos de afinidade, e oferecer oportunidades claras de desenvolvimento profissional são estratégias eficazes para garantir que todos tenham as mesmas chances de crescimento.

É evidente que a diversidade e a inclusão são fundamentais para a sustentabilidade dos negócios no longo prazo. A globalização e a interconectividade aumentaram a complexidade do mundo corporativo, tornando a capacidade de lidar com diferentes perspectivas e experiências uma vantagem estratégica. Empresas que não conseguem se adaptar a essa nova realidade arriscam perder relevância no mercado e falhar em atrair os melhores talentos.

O desafio de construir um ambiente inclusivo se concentra fundamentalmente em preconceitos. Quando se reconhece estas barreiras visiveis e invisiveis que limitam a inclusão e a diversidade e se engaja em lideranças capazes de promover a transformação o caminho está posto. A diversidade não deve ser vista como um requisito imposto pela sociedade moderna, mas como uma oportunidade de transformar o ambiente corporativo em um espaço mais justo, inovador e produtivo. 

*Julia Cardoni é sócia da Muva, antropóloga, psicanalista e líder do portfólio de iniciativas para inclusão e diversidade no contexto empresarial.

Fonte: O Económico

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