Itália vai aprovar 3.5 milhões de euros para mitigar efeitos de El Nino em Moçambique e na região

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A Itália, país parceiro estratégico de África em várias áreas de cooperação para o desenvolvimento, vai aprovar, ainda este ano, uma verba de 3.5 milhões de euros para mitigação dos efeitos catastróficos do fenômeno El Nino, caracterizado por secas extremas e prolongadas em Moçambique e na região, agudizando a crise de fome e insegurança alimentar.

A garantia foi dada nesta quinta-feira (31) pelo Paolo Enrico Sertori, director da Agência Italiana de Cooperação para Desenvolvimento, com escritório regional fixado em Maputo, capital moçambicana, servindo Moçambique, Zâmbia, Malawi, Angola e Zimbabwe.

“Para este ano, 2024, o nosso governo escolheu trabalhar na área de emergência, sobretudo na emergência de El Nino. Será aprovada uma intervenção de 3.5 milhões de euros. Trata-se de uma intervenção regional para Moçambique, Zâmbia e Malawi. Para mitigar a crise de gestão do El Nino”, disse Paolo Enrico Sertori.

O apoio italiano surge numa altura em que as zonas sul e centro de Moçambique enfrentam focos de fome devido a fraca precipitação, factor que coloca em causa a actividade agrícola, relegando famílias ‘a fome, concretamente nas províncias de Maputo, Gaza, Inhambane, Manica e Sofala.

Só na província de Manica, zona centro, o governo moçambicano esta a mobilizar apoio alimentar para assistir, a partir de Novembro próximo, cerca de 30 mil famílias vulneráveis residentes nos distritos de Machaze, Macossa, Guro e Tambara que estão na situação de insegurança alimentar devido a estiagem causada pelo fenômeno El Nino, que destruiu vastas áreas com culturas diversas um pouco por toda a província.

As autoridades moçambicanas, através do Instituto Nacional de Gestão de Riscos de Desastres (INGD), já anunciaram que a insegurança alimentar poderá afectar pelo menos 2,3 milhões de pessoas em Moçambique, até Março do próximo ano, particularmente nas regiões centro e sul do país, situação que forçou o governo a lançar um apelo humanitário face à seca.

De acordo com Paolo Enrico Sertori, a intervenção italiana será para prover insumos agrícolas e apoio aos agricultores, construção de sistemas de abastecimento de água, introdução de culturas resilientes à seca, meios de produção e sementes melhoradas para apoiar toda a cadeia produtiva.

“É uma ajuda muito concreta que em princípio, para o ano, vai arrancar. O debate sobre o fenômeno El Nino foi iniciado tarde em Moçambique e nós achamos que teria sido mais porque já estamos a entrar para o fenómeno La Nina que prevê excesso de chuva que pode criar inundações”, revelou.

O fenómeno está a afectar toda a região, e no Malawi, Zimbabwe e Zâmbia já foi decretado estado de calamidade, e Moçambique compreendeu tarde a delicadeza da situação, tendo sido apresentado um apelo pelo INGD onde foi partilhada a situação real, que dá conta da falta de água e outros meios de subsistência para as comunidades afectadas.

Ainda sobre a zona centro do país, local onde a Agência Italiana de Cooperação para Desenvolvimento entende que a insegurança alimentar é mais acentuada, tem tudo acertado para a implementação de um projecto bandeira, que é a construção de um Centro Agro-alimentar orçado em 38 milhões de euros, verba aprovada no âmbito do Plano Mattei que o governo italiano implementa em África e, em particular, em Moçambique, visando a melhoria das condições de vida das populações e não só.

Em Moçambique, a Itália actua em cinco eixos prioritários, nomeadamente, o sector de Agricultura e Desenvolvimento Rural, mais focado para agro processamento e cadeias de valor, na área do Ambiente, com mais foco na economia azul, protecção da biodiversidade e do mangual nas zonas costeiras, a criação de emprego, através de projectos concretos no ensino técnico profissional com projecto orçado em 35 milhões de euros implementado com outros parceiros, para além das áreas como saúde e urbanização, com forte tradição de apoio italiano ao longo dos anos.

“Temos vários programas no sector de emprego, mas o mais emblemático é o de 35 milhões de euros em parceria com a Secretaria do Estado do Ensino Técnico e Profissional com objectivo de apetrechamento dos institutos de formação técnica em várias províncias de Moçambique, para garantir qualidade de formação. Dentro desse programa já concluímos várias actividades, como o apetrechamento da Escola Industrial de Maputo”, garantiu o director da agência.

Segundo a fonte, ainda no quadro de tentativa de reverter o alto nível do desemprego em Moçambique, situado na ordem de 18% de acordo com os dados oficiais, existe uma parceria com a Secretaria da Juventude e Emprego, para implementação de Centros de Emprego e Criação de Emprego através da Digitalização, iniciativas orçadas em 5 milhões de euros.

Disse que o governo italiano está empenhado em continuar a melhorar a sua parceria em vários sectores em Moçambique e na região, através do Plano Mattei, instrumento fulcral para o desenvolvimento do continente.

Fonte: O Económico

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