As manifestações em Moçambique, impulsionadas pela contestação aos resultados eleitorais, têm deixado um rastro de impactos negativos na economia nacional, com prejuízos significativos para múltiplos sectores. De acordo com a Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), as paralisações ocorridas entre os dias 21 e 25 de Outubro resultaram em perdas estimadas em três mil milhões de meticais, o equivalente a cerca de 46,9 milhões de dólares. Estes danos evidenciam não apenas o custo económico imediato, mas também uma erosão da confiança no ambiente de negócios, com potenciais consequências de longo prazo para o investimento e a recuperação económica do País.
A redução drástica de transações no mercado cambial, que decresceram em mais de 75%, de uma média diária de 60 milhões para apenas 14 milhões de dólares, é um dos indicadores mais claros da instabilidade gerada. Esta situação reflecte o clima de incerteza e a relutância dos agentes económicos em manter operações regulares no contexto actual. Segundo a CTA, os efeitos são visíveis tanto no comércio interno, com a vandalização de aproximadamente 33 estabelecimentos, como no mercado laboral, onde entre 1.200 e 1.300 trabalhadores foram indirectamente afectados, muitos dos quais ligados ao sector informal, que é especialmente vulnerável a este tipo de disrupções.
O sector da logística foi igualmente prejudicado. O bloqueio de estradas fundamentais, como o corredor que liga Maputo à África do Sul, levou ao encerramento temporário da fronteira de Ressano Garcia, prejudicando o fluxo de importações e exportações e exacerbando os desafios logísticos enfrentados pelo país. Esta interrupção na mobilidade de mercadorias não só afecta a circulação de bens essenciais, como também representa um risco para a posição de Moçambique como ponto de trânsito na região, enfraquecendo a confiança de parceiros comerciais e potenciais investidores.
Para tentar mitigar os efeitos destas manifestações, a CTA e o governo acordaram em manter as actividades económicas operacionais, com uma garantia de segurança reforçada pelas forças de defesa. Todavia, com as mobilizações previstas para continuarem até 7 de Novembro, a economia moçambicana enfrenta o desafio de equilibrar o direito de manifestação com a necessidade urgente de estabilidade económica. Num contexto de inflação ainda relativamente alta e pressão sobre o mercado laboral, os efeitos das manifestações podem tornar-se ainda mais severos, ameaçando o tecido empresarial e a recuperação económica do País.
Fonte: O Económico