Dólar estável próximo de máximos de três meses com Fed em foco e eleições nos EUA no horizonte

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O dólar norte-americano manteve-se estável nesta quinta-feira, continuando próximo dos seus máximos de três meses, à medida que os investidores avaliam as perspectivas de cortes de taxas de juro pelo Federal Reserve e as potenciais implicações de uma vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais de Novembro. 

O índice do dólar, que mede a força da moeda face a uma cesta de seis moedas rivais, permaneceu em 104,18, muito próximo da sua máxima de 104,57, registada em finais de julho. Este desempenho sólido tem sido sustentado por uma série de dados macroeconómicos robustos, como o crescimento económico dos EUA, que reduziu as expectativas de cortes rápidos nas taxas de juro.

Os mercados têm estado a ajustar as suas expectativas em torno das políticas do Federal Reserve, após declarações cautelosas de alguns dos seus membros. De acordo com a ferramenta FedWatc do CME Group, a probabilidade de um corte de 50 pontos base nas duas reuniões restantes de 2024 caiu de 72% para 68%, enquanto 29% dos investidores acreditam que haverá apenas um corte de 25 pontos base. Estes movimentos mostram que os investidores estão a antecipar um ciclo de flexibilização mais lento do que o anteriormente projetado.

A política monetária do Fed continua a ser o principal catalisador para o comportamento do dólar, mas as eleições presidenciais de Novembro também estão a ser monitoradas de perto. A possível vitória de Donald Trump pode trazer uma abordagem mais proteccionista e potencialmente inflacionária, com a reintrodução de tarifas comerciais ou novas barreiras alfandegárias, que podem reforçar o dólar no curto prazo, mas gerar pressões inflacionárias a médio prazo.

Euro recupera levemente, mas persiste pressão na Zona Euro

O euro registou uma ligeira recuperação, subindo 0,2%, sendo negociado a US$ 1,0799, após ter atingido os seus níveis mais baixos dos últimos quatro meses. Esta valorização moderada reflete a perspectiva de que o Banco Central Europeu (BCE), embora esteja a manter uma postura cautelosa, poderá não ter margem suficiente para novos cortes de taxas devido à inflação ainda elevada na Zona Euro.

A Presidente do BCE, Christine Lagarde, tem insistido numa abordagem cuidadosa, face ao dilema entre o combate à inflação persistente e a desaceleração económica na região. Recentes dados de actividade empresarial mostram que a Zona Euro está a enfrentar dificuldades para retomar o crescimento sustentado, o que tem limitado a capacidade do euro de recuperar de forma mais robusta. Para os investidores, o euro poderá continuar a ser pressionado no curto prazo, a menos que se observem sinais de uma recuperação económica mais forte ou uma descida acentuada da inflação.

Yen recupera após sinal de possível intervenção do Governo japonês

No Japão, o yen ganhou algum fôlego após ter tocado mínimos de 153,19 yens por dólar, com o governo japonês a deixar a porta aberta para uma possível intervenção no mercado cambial. A moeda foi negociada a 152,17 yens por dólar depois de o Ministro das Finanças japonês ter afirmado que as autoridades estão a monitorar com atenção os movimentos da taxa de câmbio, sugerindo a possibilidade de uma intervenção para estabilizar o iene.

O Banco do Japão (BOJ), por outro lado, continua a lidar com pressões internas para começar a normalizar a política monetária, embora o contexto político seja incerto, com eleições iminentes no Japão. A incapacidade do governo em garantir uma maioria parlamentar sólida nas próximas eleições poderá complicar os esforços para uma **transição económica suave, o que mantém os investidores cautelosos em relação ao iene. Para investidores, a moeda japonesa pode enfrentar mais volatilidade nas próximas semanas, à medida que o BOJ equilibra a necessidade de normalizar as taxas com os riscos de fragilidade económica.

As perspectivas

Com o dólar a manter-se firme, o foco dos investidores deve continuar no Federal Reserve e na sua abordagem às taxas de juro. As perspectivas de cortes mais lentos, aliadas à incerteza política com as eleições presidenciais dos EUA, sugerem que o dólar poderá continuar a beneficiar de um ambiente de aversão ao risco. Por outro lado, o euro enfrenta dificuldades persistentes devido ao abrandamento económico na Zona Euro, enquanto o yen permanece vulnerável à política monetária do Japão e aos riscos políticos internos.

Para os investidores, o dólar poderá continuar a ser visto como um activo de refúgio seguro, especialmente se as tensões geopolíticas e incertezas económicas globais persistirem. O euro e o yen, por outro lado, podem ser menos atractivos no curto prazo, mas eventuais intervenções ou mudanças de política nas suas respetivas economias podem gerar oportunidades para estratégias de investimento de médio a longo prazo.

Fonte: O Económico

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