África reivindica maior alocação de Direitos Especiais de Saque para enfrentar desafios de desenvolvimento

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A África enfrenta desafios significativos no processo de recuperação económica pós-pandemia, agravados pela distribuição desigual dos Direitos Especiais de Saque (SDR) emitidos pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Segundo Akinwumi Adesina, Presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), o continente recebeu apenas US$ 3 mil milhões dos US$ 650 mil milhões de dólares em SDR disponibilizados globalmente. Esta disparidade levanta preocupações sobre o impacto limitado destes recursos nas economias africanas, que enfrentam maiores dificuldades para se recuperarem dos efeitos devastadores da crise de saúde global. “África precisa de cerca de 100 mil milhões de dólares” para enfrentar esses desafios e promover um crescimento económico inclusivo, afirmou Adesina durante a sua visita a Angola.

O papel dos SDR como ferramenta de apoio ao desenvolvimento é amplamente reconhecido, mas a sua implementação tem encontrado obstáculos, particularmente no que diz respeito à sua utilização como activo de reserva. Adesina destacou que os países africanos defendem que os SDR sejam usados como capital híbrido, ou seja, que possam ser canalizados para bancos multilaterais de desenvolvimento sem perder o seu estatuto de reserva. Esta abordagem permitiria maximizar o impacto do financiamento, multiplicando os recursos disponíveis para áreas críticas como a segurança alimentar e o combate às alterações climáticas. “Cada dólar em SDR pode ser transformado em até quatro dólares em empréstimos para financiar projetos de desenvolvimento”, explicou Adesina, referindo-se à parceria entre o BAD, o BID e o FMI.

Para além da utilização estratégica dos SDR, o BAD está também focado em garantir que África se torne mais resiliente face aos desafios climáticos e económicos de longo prazo. A transformação do financiamento para áreas como a agricultura e a energia é vista como um passo crucial para promover um crescimento mais inclusivo e sustentável em todo o continente. Contudo, a concretização desta visão depende de uma coordenação eficaz entre os países africanos, os parceiros internacionais e as instituições financeiras multilaterais, que têm o papel de mobilizar os recursos necessários para enfrentar as crises atuais e futuras.

Deste modo, opiniões abalizadas interpretam a proposta de Adesina de alocar uma maior fatia dos SDR para o continente africano não apenas uma questão de justiça económica, mas também como parte de uma estratégia crucial para garantir que África possa alcançar um crescimento robusto e duradouro.

Fonte: O Económico

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