O primeiro semestre de 2024 trouxe sinais encorajadores para o mercado secundário moçambicano, conforme destacado por Salim Cripton Valá, PCA da Bolsa de Valores de Moçambique (BVM). Durante a XVIª Edição do “Economic Briefing” promovido pela CTA, Valá ressaltou que o crescimento do mercado accionista, tanto em número quanto em qualidade, pode ter um efeito multiplicador crucial para o desenvolvimento econômico do país.
Expansão do Mercado Accionista
O PCA enfatizou que mais empresas cotadas implicam maior oferta e potencial de negócios, atraindo mais investidores, transações, e liquidez ao mercado. Esse crescimento não apenas fortalece o mercado de capitais como uma fonte essencial de financiamento para as empresas, mas também contribui para que a BVM se estabeleça como um dos pilares do desenvolvimento económico de Moçambique.
Durante o semestre em questão, houve um aumento no número de emissões de Obrigações do Tesouro (OTs), com um total de oito emissões que totalizaram 23.868 milhões de meticais, em comparação às cinco emissões do semestre homólogo de 2023. A taxa de juros média das OTs reduziu de 18,6% para 17,7%, alinhando-se com a política monetária do Banco de Moçambique, reflectindo um impacto positivo na redução dos custos do serviço da dívida pública.
Novos Operadores de Bolsa e Transações Relevantes
O mercado também viu a entrada de dois novos operadores de bolsa: a InvestCapital Dealer, um operador de bolsa autónomo, e o First National Bank (FNB), um banco comercial. Isso eleva o número total de operadores de bolsa para 19, dos quais quatro são operadores autónomos, o que é um desenvolvimento significativo para a dinamização do mercado de capitais.
No mercado accionista, as acções da Cervejas de Moçambique se destacaram, com um volume transacionado que atingiu 9,4 milhões de meticais no 1.º semestre de 2024, um aumento considerável em relação aos semestres anteriores. Essas acções agora representam 58,6% do mercado accionista, enquanto que as acções da Companhia Moçambicana de Hidrocarbonetos (CMH) tiveram a maior valorização, subindo 59% em cotação média, com uma valorização máxima de 102% durante o período.
Desafios e Perspectivas
Valá sublinhou a importância de enfrentar os desafios futuros, incluindo o crescimento sustentável do mercado accionista e a atracção de grandes empresas para a cotação na BVM. Ele destacou a necessidade de reduzir as assimetrias de informação e tornar o mercado mais transparente e inclusivo, alinhado com o objectivo de popularizar a Bolsa de Valores como um instrumento poderoso para a política económica de Moçambique.
As perspectivas futuras são promissoras, especialmente se focadas no desempenho da indústria extractiva e em sectores tradicionais como agricultura, turismo e energia. A transformação institucional da BVM, que recentemente passou a operar como Sociedade Anónima, reforça o compromisso com uma gestão mais dinâmica e eficiente, focada em gerar valor para os accionistas e impulsionar o crescimento econômico do país.
Fonte: O Económico
