A activista luso-angolana, Luzia Moniz, acusa o Governo de João Lourenço de tentar calar a voz dos activistas sociais e dos que pensam de forma diferente. Muniz reagia, assim, ao boicote de Angola às celebrações do Dia de África pelo facto de que ela participaria no evento.A Embaixada de Angola em Portugal não esteve presente nas cerimónias de comemoração do Dia de África, um evento que juntou mais de 15 missões diplomáticas africanas naquele país europeu, no dia 29 de Maio, em contestação ao convite feito à activista social Luzia Moniz.Em carta enviada ao grupo das embaixadas, o consulado angolano em Portugal disse que não participaria na cerimónia, uma vez que o colectivo mantinha na lista dos convidados o nome da activista social Luzia Moniz. Entretanto, a activista social também não esteve presente nas celebrações, devido a problemas de saúde.Luzia Moniz disse, este domingo, em entrevista exclusiva ao programa Noite informativa, da STV Notícias, que a reacção de Angola foi uma chantagem mal conseguida nas embaixadas. “Eles partem sempre para o outro lado da questão, que é hostilizar ou tentar neutralizar a existência das pessoas. E foi isso que fizeram comigo ao tentar chantagear as embaixadas”, rebateu Moniz.A também presidente da Plataforma para o Desenvolvimento da Mulher Africana disse não ter ficado intimidada com o acto. “Felizmente, vivo em portugal e, como vivo cá, não estou na cadeia, eu critico Marcelo, Durão Barroso, acima de tudo, tudo o que eu acho uma opinião contrária, que, na minha visão e perspectiva, não estão nos conformes, o que devia ser normal numa sociedade onde a dignidade humana é respeitada”, pronunciou-se a activista social, que diz sentir-se perseguida pelo Governo actual de Angola.Na sua análise, Moisés Mabunda classifica o posicionamento do Governo angolano como vergonhoso e estratégia antidemocrática. “Não estou a perceber como é que um diplomata deixa de servir o seu país como deve ser e vai gastar e investir o seu tempo em denegrir o bom nome e imagem de uma cidadã do seu país no estrangeiro. Não estamos no facismo, em que uma simples diferença de opinião possa suscitar uma perseguição. África não é propriedade de um Governo”, opina Mabunda.Quem também deixou o seu parecer sobre o assunto que indignou os consulados africanos em Portugal é o analista José Malair, que descreve a posição angolana como a de um regime autoritário.Através do referido documento, Angola apresentou como motivo da sua decisão o facto de a jornalista estar constantemente a emitir opiniões contra o Governo liderado por João Lourenço.
Fonte:O País