O seu universo deixou de se confinar ao lar e à família, para não ter fronteiras
O tempo da mulher Em 1970, aqui como no resto do mundo, a mulher vive o tempo da emancipação, da autonomia, da responsabilidade.
Da situação de total dependência que era a sua ainda há um século, pe rante o chefe de família, o pai primeiro, depois o marido e na ausência deste, os próprios filhos maiores, a mulher viu-se num curto espaço de tempo e mercê de profundas transformações económicas que aceleraram o progresso, mercê da "mudança de ritmo da própria mudança como diz Roberto Oppenheimer, frente a uma repentina e imprevista situação de liberdade e responsabilidade. O seu universo deixou de se confinar ao lar e à família, para não ter fronteiras. As facetas desta nova situação são múltiplas e interligadas e não é pos sível expô-las aqui. Mas é propósito destas páginas tê-las sempre presentes. Assim preocupar-se-á com a mulher jovem, a quem cabe cada vez mais decidir sem tutela o seu futuro; com a mãe de família que, a maior parte das vezes em condições injustas, tem de conciliar esse cargo com o exercício de uma profis. são; a mulher independente, a quem arcaicos preconceitos isolam e tornam a vida dificil; a dona de casa, a quem a vida moderna traz dia a dia novas situa ções e exigências, para as quais não foi preparada; as mulheres idosas, seja qual for a sua situação social e económica, cada vez mais isoladas e perplexas perante novos costumes e maneiras de viver a que não conseguem adaptar-se; e finalmente as crianças que nos ligam ao amor e à vida e são o centro das nossas preocupações, a justificação dos nossos sacrifícios e os futuros juízes dos nos sos actos. Aprendamos a não as condicionar aos nossos fracassos mas a liber tá-las dos nossos preconceitos, pois uma vida totalmente diferente da nossa as espera; saibamos merecer um tranquilo lugar para a nossa velhice, no futuro que os nossos filhos hão-de construír