Samora Machel Jr. responde à Polícia e diz-se “firme para dar” o seu “contributo”

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Na semana passada, Samora Machel Júnior escreveu uma carta aberta aos “camaradas” do partido Frelimo, na qual começava por denunciar o assassinato de quatro cidadãos por “tiros disparados pela Polícia da República de Moçambique”, no contexto das eleições de 11 de Outubro. O que se viu, depois, foi a Polícia a negar que tivesse alvejado quatro pessoas; admitiu, apenas, que um jovem de 19 anos de idade teria sido alvejado “acidentalmente, quando a Polícia viu-se na contingência de intervir para pôr fim a um grave motim protagonizado por membros e simpatizantes de partidos políticos”.

A Polícia disse, na altura, que ia usar-se de meios legais para “exigir provas das acusações feitas falsa e dolosamente”. O filho de Samora Machel, que também é membro do Comité Central da Frelimo, escreveu uma nova carta, em que responde ao posicionamento da Polícia e assegura que está firme para dar o seu contributo. A seguir, citamos a carta na íntegra.

“Moçambicanas, Moçambicanos, Família, amigos, Camaradas!

Fiquei a saber pelos órgãos de comunicação social, do facto de estarem a ser movidas demarches junto das “entidades competentes”, para que os factos por mim mencionados num posicionamento subsequente aos acontecimentos eleitorais e pós eleitorais do último 11 de Outubro, tenham o “devido” enquadramento.

Quero, desde já, deixar claro para o conhecimento do público: Sou membro do partido Frelimo militando na província de Cabo Delgado pela respectiva brigada, há mais de 10 anos. Por conta dessa minha função, criei afectos e recebo constantemente informação da província. Alguma informação é de lamento, outra é a pedir ajuda, e outra ainda é de choro e desespero, como foi o acontecido em Chiúre.

O meu dever como cidadão, em posição de destaque, é ouvir, consolar e aconselhar. As minhas fontes, quando partilham informação, não esperam de mim denuncias, mas sim, acção firme para que estes factos não voltem a acontecer.

Assim, na minha condição de cidadão e consciência humana, quero assegurar que o importante do meu posicionamento anterior não são os números, mas sim os factos e preocupações que nortearam os ideais da luta de libertação e independência, e que se revêm no legado dos nossos heróis nacionais e antigos combatentes da luta e libertação nacional.

São os factos, que merecem apuramento, investigação e responsabilização. A prioridade desse apuramento, investigação e responsabilização é pelas vidas humanas, e não pelas pelas palavras de quem procura alertar para a falta de justiça pelo perecimento dessas vidas humanas. Uma única vida perdida por uma bala, deve ser motivo bastante de preocupação. Pior quando essa vida é um menor, que a família o criava com amor e esperança no seu futuro.

Com este episódio, estamos perante uma lição valiosa para a nossa democracia, cujo desfecho será revelado futuramente. Serão as nossas instituições mais ágeis a procurar responsabilizar um simples mensageiro, ou irão (como se espera), ser mais ágeis no que realmente importa com a sua acção, seja no esclarecimento do flagelo dos raptos, do crime organizado e instalado, perdas de vidas humanas, seja o contexto do meu posicionamento anterior, seja noutros contextos.

Saúdo a celeridade, e auguro que continuemos nesta linha de esclarecimento de casos para o bem da Nação Moçambicana. Estou firme, sereno e, acima de tudo, determinado, para dar o meu contributo para o bem da Nação, que como cidadão e membro sénior do Partido Frelimo devo dar ,para a consolidação do Estado de Direito democrático.

Pela defesa dos pilares que foram os princípios que determinaram a Luta de Libertação Nacional, continuarei, incansavelmente, a lutar para que Moçambique seja a Nação que todos almejamos, independentemente da raça, etnia , religião, ou cor partidária.

Moçambicanas, Moçambicanos, Família, Amigos, Camaradas! Estou firme para dar o meu contributo. Samora Machel Jr.”

Fonte:O País

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