Nante, Zambézia – “Houve uma mãe que deu à luz durante o ciclone. Continuámos a tratá-la mesmo depois de o telhado ter caído e o edifício estar cheio de água. Foi muito difícil”, diz Isabella Armindo, 35 anos, enfermeira na Maternidade de Nante, no centro de Moçambique.
Mesmo antes do impacto do ciclone Freddy, uma tempestade de categoria 5 que atingiu Moçambique duas vezes em 2023, as mulheres grávidas enfrentavam riscos ao dar à luz num país com uma das taxas de mortalidade materna mais elevadas do mundo, com 452 mortes por 100 000 nados-vivos. Em Março de 2023, o ciclone devastou a província da Zambézia, arrancando o telhado de uma maternidade que serve comunidades agrícolas remotas e onde nascem 90 bebés por mês.
“Foi muito difícil, não vou mentir. Era como trabalhar numa zona de guerra. Mas tínhamos de ajudar as mulheres e os seus bebés”, recorda Isabella. “Eu tinha medo porque o edifício não era seguro. Já não havia portas no edifício e a vedação à volta do hospital tinha sido destruída. As casas de banho não funcionavam. Não havia eletricidade nem água para lavar as mãos. As famílias tinham de trazer água de casa para as mães se lavarem”.
Nos dias que se seguiram ao Freddy, o hospital não tinha tecto nem protecção contra as intempéries. Com grande parte do seu equipamento e material médico destruído, três mulheres e os seus bebés partilhavam frequentemente uma cama. “As mulheres e os bebés estavam expostos à chuva”, conta Isabella.
Quando o sol brilhava, as enfermeiras recorriam a empurrar as camas pelo edifício sem tecto para onde houvesse sombra. Passada uma semana, o hospital colocou grandes lonas de plástico que impediam a entrada do sol, mas não a da chuva.
Graças ao apoio da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), o UNICEF conseguiu reconstruir o telhado da Maternidade de Nante e renovar as suas instalações médicas em Fevereiro de 2024. Isto teve um grande impacto positivo na vida das mulheres da comunidade local e do pessoal do hospital.
“Tudo mudou. Agora somos livres para fazer o nosso trabalho. Sinto-me feliz e segura, sinto-me à vontade para voltar a trabalhar aqui”, diz Isabella.
Uma das pacientes de Isabella, Monoria Sobrinho, 20 anos, acaba de dar à luz um menino. Monoria fala da sua experiência na maternidade:
“O hospital é limpo e temos água. Não tive muitas dores e estou a sentir-me bem. As enfermeiras estão a cuidar de mim. Quando for para casa, vou dizer às outras mães que o hospital está bom outra vez e que devem vir para cá”.
O telhado do hospital foi reconstruído e as instalações remodeladas pelo UNICEF com o generoso apoio da USAID.
Fonte: UNICEF