Moreirense ‘campeão’, áudios do VAR, eleições e os poucos golos marcados. Tudo o que disse Sérgio Conceição

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Treinador fez a projeção do encontro com os cónegos, a quem deixou elogios, falou da decisão de se passar a ouvir as conversas dos árbitros e do ato eleitoral na conferência de imprensa

— O Moreirense bateu recordes nesta 1.ª volta e está em 6.º lugar, mas perdeu o seu melhor marcador e contratou Castro ao SC Braga. O que esperar do jogo? — «[O Moreirense] É se calhar o campeão de inverno. Olhar ao que o Moreirense tem feito e é mais do que evidente que tem sido uma equipa muito competente, que tem conquistado pontos e tem perdido poucos. Defensivamente trabalham muito bem, linhas muito juntas, jogadores humildes na sua capacidade de perceber o que têm de fazer quanto têm e não têm bola, não só na primeira fase mas num terço intermédio e na frente. Jogadores que exploram bem a largura, com jogo interior muito forte. É um bom adversário e cabe-nos fazer o que trabalhámos e definimos como estratégia para ganhar».

— Soube-se que a FIFA autorizou a FPF a fazer a experiência de divulgar as decisões do VAR nos estádios. Isto pode ajudar o público em Portugal ou vai causar ainda mais ruído? — «O meu comentário tem de ser muito breve para não estarmos aqui numa discussão sem importância. Tudo o que seja para melhorar a verdade desportiva é bem-vindo. Já falei muitas vezes sobre o VAR, sobre situações do nosso futebol, e fico contente com tudo o que for para melhorar o futebol».

— Relativamente às eleições no FC Porto, sente que a plataforma comum de entendimento no FC Porto é a equipa de futebol? O que pede aos potenciais candidatos? — «Não tenho nada a pedir, estamos a falar num clube onde a vida associativa está ao rubro e isso é importante. Partilhar ideias, essa discussão, é importante. Nós isolamos essa vida eleitoral em relação ao que é o nosso trabalho no Olival, isso para mim é que é o mais importante, os jogadores fizerem o que têm feito nos últimos quatro anos. Nós continuamos com a mesma ambição, se não for o ruído eleitoral há de ser outro ruído qualquer. Há sempre ruído à volta do FC Porto e estamos habituados, estamos aqui para trabalhar porque somos empregados do clube e estamos focados».

— O FC Porto tem o pior registo ofensivo desde 2004/05… Que explicação encontra para isso? — «Bastavam 34 golos para ser campeão, se não sofrêssemos nenhum. Ganhávamos 1-0 todos os jogos e éramos campeões. Já fui dando a explicação, quando falámos de eficácia até na Liga dos Campeões. Isso vamos trabalhando diariamente. Os últimos resultados e as últimas exibições coincidem com bons resultados e resultados mais volumosos, que nos indicam que estamos no caminho certo. Mas claro que há trabalho a fazer e situações a melhorar, se pudermos fazer mais golos para que o espetáculo seja ainda melhor ficamos contentes. Se só ganharmos por 1-0, também fico contente. Acho que os adeptos do FC Porto não ficariam satisfeitos se perdêssemos. Temos de encontrar o equilíbrio entre defender e atacar, e no futebol é muitíssimo importante porque temos uma baliza para fazer golos e outra para não sofrer. Tentamos potenciar ao máximo as nossas individualidades e tentamos ser mais fortes. Estamos em cima de todos os momentos para melhorarmos e vamos continuar com certeza com trabalho a melhorar. A minha preocupação é ganhar o jogo».

— Com certeza esteve atento ao que aconteceu na apresentação da candidatura de André Villas-Boas, que deixou críticas à estrutura do futebol do FC Porto. Concorda? Será treinador com Villas-Boas caso seja eleito? — «Compreendo essas questões, mas esse não é o meu foco, o meu foco é o jogo de amanhã, que é o mais importante para mim».

— Tem-se falado muito da passagem do FC Porto para o 4x2x3x1. Encontrou a fórmula adequada nesta fase para o sucesso da equipa? É a melhor fase do FC Porto esta época? — «Com os jogadores disponíveis, tivemos vitórias e isso é importante. Mas vamos mudando ao longo do tempo. Quando queremos mudar algo dentro do que é a nossa estrutura ou dentro daquilo que fazemos habitualmente, partindo de um sistema base, depois há todo o resto. Os jogadores têm que andar, têm que correr. Quando têm bola e quando não têm. Se queremos só mudar de um momento para o outro porque houve um peditório para a igreja FC Porto e temos de meter os jogadores que, a olho, parecem os mais apetrechados para dar espetáculo para as bancadas… Isso não funciona comigo. Se estamos a jogar num 4x4x2, num 4x3x3, isso requer trabalho. Estamos a falar de características diferentes, com os jogadores a explorarem espaços como o Francisco e o Galeno. Há que ter gente que perceba que, no corredor central, está a baliza adversária e a nossa. Não se estala o dedo de um momento para o outro por parecer que esses são os jogadores com mais qualidade. Já mudámos a nossa forma de jogar mais de 10 vezes ao longo destes sete anos, e para isso tem que haver muito trabalho por trás. Claro que os jogadores são os grandes obreiros, mas temos de ir ajustando uma ou outra situação aos adversários, nomeadamente na Liga dos Campeões, onde olho bastante para os adversários de maneira a explorar algumas fragilidades que possam ter. Esse é o trabalho que fazemos aqui. Ainda agora tive o roupeiro a queixar-se – e ele não tem de queixar, de te fazer… Não tenho tempo para pensar nas eleições. Obviamente que é muito importante para a vida do clube, mas para mim, enquanto empregado do clube, há coisas mais importantes».

Nico saiu cabisbaixo no último jogo por ter levado o cartão amarelo. Sente que já está com a intensidade que o Sérgio lhe pediu? — «A intensidade para um médio é perceber que, dentro dos momentos do jogo, quando ele mete em prática o talento que tem, meta em prática os outros talentos. Acho que está numa boa fase. O FC Porto não depende de um jogador nem de ninguém que esteja aqui ou dos departamentos. Temos de estar precavidos. O Nico teve uma travessia difícil e que levou a algum desconforto até familiar e que, neste momento, o mais importante é que ele compreendeu que para jogar há uma bola e estão 11 adversários do outro lado e 10 jogadores a jogar com ele. Nesta ‘molhada’, ele tem de meter cá para fora esse sexto momento [talento] e que a equipa ganhe com isso. Ele percebeu o que tem de fazer dentro dos nossos princípios e está num bom momento. E isto é mérito do Nico, que continuou a trabalhar diariamente no máximo mesmo não sendo convocado, e eu estou muito atento a isso. Foi um trabalho meritório do Nico, que neste momento teve a infelicidade de levar o 5.º amarelo. Já outros jogadores do FC Porto têm levado e somos a equipa com mais amarelos da Liga. O Nico não tem características de andar a dar ou a distribuir ‘porrada’ no jogo, o Francisco também não e também já ficou de fora por acumulação de amarelos. Temos de continuar com a mesma intensidade e o Nico terá de esperar pelos próximos jogos para perceber se, dentro de estratégia, entra nos planos ou não».

— Na época passada, FC Porto estava numa posição parecida nesta altura e fez uma 2.ª volta muito boa. Vai ser preciso uma 2.ª volta desse calibre esta temporada? — «Estamos atrás e, teoricamente, sim. Precisamos de não perder jogos para tentar alcançar o primeiro lugar, que ultimamente temos tido a felicidade de acabar lá. Estamos atrás de Sporting e Benfica e não podemos perder pontos, fazendo uma segunda volta muito competente como a do ano passado».

— A passagem do Francisco Conceição pelo Ajax foi determinante para termos o jogador tão explosivo e desequilibrador de agora? — «Foi determinante especialmente porque não jogou ou jogou pouco. Essa travessia no deserto fez-lhe bem, não tenho dúvidas. A todos os níveis. Faz parte da evolução do jogador, do crescer como homem, enfim. Uma série de situações. A qualidade estava lá, estávamos a falar do Nico e é exatamente igual. Isto é um mundo tão competitivo… Somos postos à prova diariamente no nosso trabalho, na nossa evolução e trajeto, e se não estivermos sempre no máximo é difícil. Acho que têm de perceber e pensar que têm algo fantástico para estarem numa equipa como o FC Porto. A partir desse momento há outras coisas importantes. O treino, na evolução deles, o trabalho tático e técnico que promovemos, o trabalho que fazemos pré e pós-treino, e depois há toda a uma vida onde se têm de cuidar, descansar. Há ritmos diferentes, intensidades diferentes, têm de andar focados. Não quer dizer que não tenham o seu tempo para a família e para os amigos, mas o foco principal tem de ser o futebol. Se o foco for outras coisas, aí têm muitíssimas dificuldades mesmo com talento».

— Gonçalo Borges estará disponível amanhã? — «Precisávamos dos 15 pontos que levou no pé. Foi uma situação dura para o Gonçalinho, que estava bem. Sentia-se que era um jogador que entrava facilmente no onze titular, mas neste momento é impeditivo para amanhã».

— Em relação às bolas paradas, sente que foi necessário dar um passo atrás e simplificar? — «É um momento importante do jogo, mas temos de perceber que jogadores temos. Se tenho um Alex Telles ou um Sérgio Oliveira, que eram muito fortes na batida, e gente fortíssima na área, se calhar olho para os esquemas de forma diferente. Se não tenho jogadores dessas características tenho de promover mais combinações, que dependem da atenção do adversário, das fragilidades… Damos muita atenção a esse momento do jogo, não só nos esquemas ofensivos como defensivos. Quando os jogos estão difíceis é algo que pode ‘abrir’ um jogo em termos de resultado. É verdade que já fizemos mais golos nos esquemas táticos ofensivos, mas estamos a trabalhar para que volte a ser uma arma importante como foi nos últimos anos».

Fonte: A Bola

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