Moçambique está numa fase decisiva da sua recuperação económica. O “Relatório de Foco no País 2024”, elaborado pelo Banco Africano de Desenvolvimento (AfDB), detalha as oportunidades estratégicas e as recomendações de políticas necessárias para sustentar e intensificar esse crescimento.
O relatório do AfDB destaca que a resolução dos problemas de dívida externa de Moçambique melhorou significativamente suas relações com instituições multilaterais e bilaterais. Esta melhoria permitiu ao País acessar financiamentos concessionais, vitais para projectos de infraestrutura social e económica. Um destaque importante dado pelo documento é o Porto de Maputo, que, segundo “Relatório de Foco no País 2024, o que se tornou num portal comercial essencial para países sem acesso ao mar e para a região industrial da África do Sul. “O porto oferece um potencial significativo para o crescimento económico e a criação de empregos, fortalecendo a posição estratégica de Moçambique no comércio regional”.
Para enfrentar os desafios e sustentar o crescimento, o relatório sugere uma combinação de medidas de curto e longo prazo.
O relatório indica sugere como “Medidas de Curto Prazo”, a [Flexibilização Monetária]: quer dizer, tornar o crédito mais acessível às empresas locais é crucial. De acordo com o AfDB, isso pode ser alcançado por meio de políticas monetárias que reduzam as taxas de juros e aumentem a disponibilidade de crédito.
Ainda nas medidas de curto prazo, o AfDB, sugere ‘Incentivos ao Investimento’. Nesse aspecto particular, recomenda a implementação de medidas como a construção de parques industriais e a redução de impostos de modo a atrair investimentos em sectores não relacionados ao gás. “Essas acções são essenciais para diversificar a economia e reduzir a dependência do sector de Gás Natural Liquefeito (GNL)”, diz o AfDB, no seu relatório 2024 com enfoque sobre Moçambique.
Metas de Longo Prazo
No que concerne a medidas de longo prazo, o AfDB aponta a “Diversificação da Economia”. Diz a instituição multilateral de crédito que, diversificar a economia moçambicana é imperativo para aumentar a resiliência climática e reduzir a dependência de um único sector. Isso inclui o desenvolvimento de setores como a agricultura, manufatura e serviços”.
Outra medida sugerida é a “Integração Regional”. A instituição defende que a integração estratégica na Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e nos mercados africanos mais amplos é fundamental. “Esta integração pode abrir novos mercados para os produtos moçambicanos e fortalecer as relações comerciais”.
Ainda no capítulo das medidas de longo prazo, o AfDB, sinaliza que a utilização do Fundo Soberano deve ser no sentido de construir uma economia diversificada. “Aproveitar recursos não relacionados ao gás e activos marítimos pode criar uma base económica mais sólida e sustentável para o futuro”. Diz.
Transformação Estrutural
O AfDB considera que os esforços de transformação estrutural de Moçambique são cruciais para o crescimento sustentável. No entanto, o país enfrenta vários desafios e indica, nomeadamente, que relativamente a ‘estrutura económica’, Moçambique está em transição, mas ainda depende fortemente de serviços de baixa qualificação e que a economia permanece amplamente informal, com altas taxas de pobreza e desigualdade de renda.
Diz o AfDB que são necessários investimentos elevados e sustentados, especialmente em Investimento Directo Estrangeiro (IDE), para desenvolver o sector privado, expandir a infraestrutura, melhorar o capital humano, criar empregos e aumentar a resiliência climática.
Faz também referencia ao ‘clima empresarial’. Neste aspecto, defende que o estabelecimento de um ambiente de negócios favorável que atraia tanto investidores locais quanto estrangeiros é essencial. “Isso inclui manter a paz, boa governança e instituições fortes, fatores cruciais para a estabilidade econômica e social”
Basicamente, o “Relatório de Foco no País 2024” do AfDB fornece um roteiro claro para o crescimento económico sustentado de Moçambique. As oportunidades estratégicas, como o fortalecimento das relações com instituições multilaterais e bilaterais e o desenvolvimento do Porto de Maputo, oferecem um potencial significativo para o crescimento. As recomendações de políticas de curto e longo prazo visam diversificar a economia, aumentar a resiliência climática e integrar Moçambique aos mercados regionais e globais.
Ao seguir essas recomendações e focar em prioridades estratégicas, Moçambique pode continuar sua impressionante recuperação económica e construir uma economia resiliente e diversificada que beneficie todos os seus cidadãos. Sendo certo que algumas dessas medidas sugeridas já estão a ser implementadas pelo governo havendo necessidades, nesse particular, de sua intensificação.
Fonte: O Económico