Sérgio Conceição volta a fazer uma tempestade num copo de água, desta feita a propósito da sua substituição no FC Porto. Defeito ou feitio?
Sérgio Conceição é um bom treinador de futebol e terá, por certo, sucesso no clube que escolher, depois de sete anos no FC Porto, onde potenciou os recursos que lhe foram disponibilizados. Mas sempre foi alguém que viveu entre o ótimo e péssimo, entre o comedimento e o exagero, entre a afabilidade e a agressividade, com ausência total do meio-termo que está na base do equilíbrio. Pouco importa se estamos perante um defeito ou um feitio, o que interessa é a conclusão final, e esta é que com Sérgio qualquer constipação é tratada como uma pneumonia, qualquer brisa se transforma, rapidamente, num furacão.
O que está a acontecer agora com Vítor Bruno é mais do mesmo, uma reação exacerbada, sem meio termo, como se fosse pecado alguém sair-lhe da órbita. Ao longo deste processo, não pode esquecer-se a posição de Sérgio Conceição face às eleições, nas quais tomou o partido de Pinto da Costa, de forma pública e notória, exercendo um direito de cidadania que se lhe reconhece e não contesta, mas que mostrou que não estaria interessado a trabalhar com outro que não fosse o presidente cessante, que lhe renovou, até, o contrato a escassos dias do ato eleitoral. Surpresa na saída de Sérgio Conceição do FC Porto? Zero. Surpreendente será se, eventualmente, vier a exigir alguma indemnização, mas essas são contas de outro rosário.
Saindo Sérgio Conceição, alguém tem de entrar, e diz a história do FC Porto que os adjuntos que vieram a sentar-se na cadeira de sonho não se deram nada mal: José Mourinho, Vítor Pereira e André Villas-Boas ganharam, em cinco épocas, cinco Campeonatos, uma Champions, uma Liga Europa, uma Taça UEFA, duas Taças de Portugal e quatro Supertaças. Logo, pensar em Vítor Bruno para treinador principal, sabendo-se que 2024/25 será ano de apagar fogos em várias frentes, não parece, de todo, despropositado.
Francamente, não consigo perceber onde pode estar a traição a Sérgio Conceição no meio de tudo isto. Aliás, a eventual promoção daquele que foi durante anos a fio o seu braço direito, deveria ser motivo de satisfação e não de crispação, a não ser que o ainda treinador dos dragões pretendesse continuar no FC Porto. O que não parece ser o caso.
Depois de uma vitória esmagadora de Villas-Boas, que não deixou dúvidas quanto ao rumo que os portistas querem ver ser dado ao seu clube, torna-se cada vez mais evidente que a nova gestão vai ter de tirar um curso de minas e armadilhas para sair destes primeiros tempos sem danos de maior…
Fonte: A Bola