Uma Vida: A História de Nicholas Winton – o resgate de um legado da humanidade
Fomos convidados pela Diamond Films para conferir o longa biográfico Uma Vida: A História de Nicholas Winton. Prometendo emocionar do começo ao fim, o filme estreia no dia 14 de março e é baseado no livro de mesmo nome escrito por Barbara Winton, a filha de Nicholas. Confira o que achamos do filme.
O Enredo
Considerado o “schindler britânico”, Nicholas Winton foi um empresário que comandou uma operação em 1938 para salvar 669 crianças judias da Tchecoslováquia e colocá-las em lares adotivos na Inglaterra, momentos antes da Segunda Guerra Mundial eclodir.
Com a ajuda de seu amigo Martin Blake, Winton colaborou junto ao comitê britânico de refugiados em Praga e por lá começou a traçar os planos do que viria a ser a obra de sua vida. Tocado pelo cenário que encontrou por lá, Nicholas precisou ser determinado e cuidadoso com a sua missão.
Apesar de sua notável façanha, Nicholas sempre manteve uma modéstia admirável, evitando o reconhecimento público. Foi só em 1988 que o seu trabalho humanitário foi reconhecido, quando foi surpreendido durante a gravação do programa ‘That’s Life’, ao descobrir que a plateia era composta pelas crianças que ele havia salvo.
Pontos fortes
O que deixa tudo mais dinâmico no filme são as passagens singelas das versões jovem e mais velha de Nicholas Winton. Johnny Flynn nos traz um Nicholas mais jovem, nos seus 29 anos de idade. Compassivo e delicado, ele entrega as bases que motivam e circulam a narrativa.
Agora, Anthony Hopkins dá um show de atuação! Nos apresentando um Nicholas mais velho, introvertido e reflexivo, Hopkins sutilmente transmite o peso emocional que aquela árdua missão deixou à Wintor de bagagem para a vida mais velha.
A presença de Helena Bonham Carter como a mãe do jovem Winton adiciona uma camada emocional importante à história em uma atuação eficaz e no ponto certo. O roteiro do filme apesar de simples, trabalha a favor do filme trazendo uma narrativa coesa e fluida. Além disso, a trilha sonora se destaca por sua qualidade e capacidade de elevar os momentos-chave do filme com uma ótima precisão.
Pontos fracos
Diante de um tema tão delicado como o Holocausto, é compreensivel evitar desconfortos e proteger o espectador de atos, digamos, mais agressivos. Porém, no filme parece haver uma tentativa constante de manter qualquer tipo de conexão emocional e mais profunda com a história.
Além disso, a revelação de uma das surpresas do filme no trailer diminui o impacto da cena nas telas. Nicholas Winton se encontra com as pessoas que ele salvou durante as gravações de um programa de TV. A cena final fica mal dirigida e só arranha em trazer a importância necessária que ela carrega
Outro ponto fraco é a diluição do ponto ápice do final, quando Nicholas revela que o nono resgate das crianças de Praga foi uma operação fracassada. Essa parte crucial da história justifica o assombro que Winton carrega por anos, mas acaba não criando esse tipo de vínculo emocional.
Veredito final
No geral, temos um filme biográfico capaz de tocar e inspirar algumas pessoas. No entanto, não espere encontrar um aprofundamento maior ou fatos totalmente precisos sobre esse período da história.
Apesar das falhas perceptíveis, ‘Uma Vida: A História de Nicholas Winton’ não deixa de ser uma narrativa importante e inspiradora. É uma história poderosa que nos lembra que a compaixão e humanidade persistem mesmo nas situações mais terríveis.
Nicholas Winton nos ensina que, diante do impossível, sempre há um meio de agir. Vale a pena assistir e refletir sobre a capacidade de cada um de nós em fazer a diferença, mesmo nas circunstâncias mais adversas.
Fonte: Pippoca