A Conferência Global de Metais Preciosos de 2024, organizada pela London Bullion Market Association (LBMA), destacou algumas das principais tendências e desafios que continuam a moldar os mercados de metais preciosos, como o ouro e a prata. Um dos grandes temas discutidos este ano foi o impacto do comportamento dos bancos centrais e dos investidores institucionais nos preços do ouro, que têm mantido valores historicamente elevados.
Durante o evento, realizado em Miami, especialistas como John Reade do World Gold Council chamaram a atenção para o impressionante desempenho do ouro em 2024. Nos últimos 12 meses, o metal atingiu 35 novos máximos históricos, ultrapassando os US$ 2.700 por onça no pico de sua valorização. Mesmo assim, muitos participantes expressaram a surpresa com os altos preços, com um analista observando que “nunca pensei que veríamos quase US$ 2.700 na minha carreira”.
Apesar dos preços elevados, muitos participantes afirmaram que o ouro continua a desempenhar o papel de activo de “compra e manutenção”, particularmente à medida que bancos centrais continuam a aumentar suas reservas, utilizando o ouro como protecção em tempos de incerteza geopolítica e económica. A conversa entre os gestores de reservas de bancos centrais confirmou que o ouro é cada vez mais visto como um activo de longo prazo para estabilidade de portfólio. Em contraste, a prata não é alvo de reservas por parte dos bancos centrais, devido à sua alta volatilidade, embora tenha visto um aumento de 35% no preço no último ano.
O Mercado de Ouro e Prata: Altos preços, baixo Investimento no retalho
Embora os preços do ouro e da prata tenham subido significativamente, o investimento de retalho nestes metais tem-se mantido fraco. O comportamento dos investidores parece ser influenciado pela volatilidade, com muitos preferindo manter suas posições em vez de aproveitar para realizar lucros. No entanto, os bancos centrais têm desempenhado um papel crucial na sustentação desses altos preços, impulsionando a demanda enquanto gestores de riqueza no Ocidente começam a reconsiderar o ouro como um activo essencial para a diversificação de portfólio.
Durante uma sessão sobre o impacto do ouro em carteiras de investimento, os analistas reforçaram a ideia de que o ouro está a redefinir-se como um activo de portfólio, com uma alocação ideal variando entre 12% e 15%, servindo como um diversificador eficaz contra a volatilidade de outros ativos financeiros.
A relação entre Ouro e Geopolítica
O tema geopolítico também foi um dos grandes destaques da conferência, com oradores a discutir a incerteza global e seu impacto nos metais preciosos. O papel do ouro como reserva estratégica em tempos de crise foi sublinhado, especialmente devido à incerteza relacionada às eleições presidenciais nos EUA. Embora as eleições possam resolver algumas das direções da política externa dos EUA, as tensões globais continuarão a ser um fator central que influencia a demanda por ouro. Analistas argumentam que a crise geopolítica global “não será resolvida”, independentemente de quem vencer.
Uma perspectiva de longo prazo
A Conferência LBMA de 2024 mostrou que, embora o ouro continue a atrair grandes investidores e bancos centrais, o mercado de prata e platina enfrenta desafios diferentes, com uma procura mais fraca por parte do retalho. No entanto, os especialistas continuam a ver o ouro como um activo essencial para a estabilidade do portfólio, especialmente à luz das incertezas geopolíticas e macroeconómicas que moldam o futuro dos mercados globais.
Fonte: O Económico