O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Pnud, e a Organização Internacional de Normalização, ISO, anunciaram o lançamento de um conjunto de diretrizes internacionais para acelerar a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS, em empresas.
As novas normas buscam preencher uma lacuna, ajudando organizações de todos os portes a colocarem as metas globais no centro de suas operações. Em entrevista à ONU News, o diretor do Escritório de Políticas e Programas do Pnud, Marcos Neto, lembrou que a Agenda 2030 precisa de engajamento do setor privado para avançar.
Engajamento do setor privado
“Sabemos desde 2015 que os ODS não serão alcançados apenas pelo setor público. É necessário que o setor privado contribua ativamente, não só com recursos financeiros, mas também com serviços, produção, indústria, de uma maneira sustentável, de uma maneira que no processo do negócio, os ODS estejam no centro das estratégias de gestão, na tomada de decisão e do monitoramento”
Neto destaca que as novas diretrizes são uma parceria inédita entre o Pnud e a ISO, que, com 75 anos de experiência e presença em mais de 130 países, tem influência no estabelecimento de normas que regulam desde processos de gestão até padrões de sustentabilidade.
Para o Pnud, essa colaboração possibilita um alcance sem precedentes, garantindo que as empresas tenham acesso a um recurso padronizado e de fácil adoção para incorporar os ODS às suas estratégias de gestão e tomadas de decisão.
Parceria para a sustentabilidade e benefícios empresariais
O guia segue o formato tradicional das normas ISO, facilitando a adaptação pelas empresas que já estão familiarizadas com outras normas da organização, como as voltadas para a qualidade e meio ambiente.
Para Neto, essa familiaridade é um diferencial, pois permite que empresas de pequeno, médio e grande porte possam rapidamente integrar os novos padrões aos seus sistemas de gestão existentes.
Entre os benefícios destacados pelo Pnud estão a capacidade das empresas de diferenciar suas práticas no mercado e de atender à crescente demanda de consumidores e investidores por iniciativas que promovam sustentabilidade e responsabilidade social.
Segundo Neto, em alguns países, normas ISO já são obrigatórias e regulamentadas por legislações nacionais, o que confere ainda mais relevância para essa parceria global.
Implementação e desafios
Apesar do entusiasmo com a iniciativa, a implementação global das novas diretrizes tem algumas complexidades que devem ser endereçadas. O representante do Pnud explica que cada país tem uma realidade distinta, o que exige uma adaptação específica.
Segundo ele, os escritórios locais da ISO e do Pnud estão trabalhando para entender as necessidades regionais e garantir que as diretrizes possam ser aplicadas com sucesso.
Outro obstáculo é a falta de dados em muitas pequenas e médias empresas, o que pode dificultar a mensuração do progresso em relação aos ODS. Ainda assim, as expectativas são altas para que, dentro dos próximos 12 meses, as diretrizes sejam transformadas em um novo standard ISO com um número próprio, criando assim um sistema de certificação oficial para o cumprimento dos ODS.
Para Neto, isso permitirá às empresas ter um diferencial claro no mercado e oferecer uma contribuição real para os objetivos globais de desenvolvimento sustentável.
Próximos passos
O lançamento das diretrizes ocorre logo após a adoção do Pacto do Futuro pelos Estados-membros da ONU. De acordo com Marcos Neto, esse é um momento de oportunidade.
O diretor do Pnud avalia que os ODS “são a única agenda global com a qual todos concordam”. Por isso, Neto afirma que esse é um momento-chave para redobrar esforços e garantir que o setor privado esteja totalmente engajado.
O Pnud lembra que, faltando apenas seis anos para o cumprimento dos ODS, a urgência de intensificar os esforços e acelerar significativamente o progresso é maior do que nunca.
As diretrizes já estão disponíveis no site do Pnud e da ISO, podendo ser acessadas gratuitamente por qualquer empresa ou organização interessada em adotar práticas mais sustentáveis e contribuir para um futuro mais próspero e equilibrado.
Fonte: ONU
