Estados Unidos procuram África para ajudar a aliviar o domínio chinês sobre os metais das baterias e reduzir a influência da Rússia sobre o mercado de outros minerais – Wally Adeyemo, Vice-Secretário do Tesouro dos EUA

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As consequências da pandemia do coronavírus e a na Ucrânia levaram os governos ocidentais a esforçarem-se por reduzir a sua dependência das cadeias de abastecimento chinesas e a separar as suas economias da Rússia.

Mas, à medida que Washington traça um rumo para a sua transição energética, vai ficando para trás em relação à China, que passou a última década a garantir o acesso aos minerais necessários para a produção de produtos como baterias de veículos eléctricos e painéis solares.

“Não queremos depender demasiado de um País ou de uma empresa para as cadeias de abastecimento globais de minerais essenciais”, disse Adeyemo à Reuters durante uma visita a uma mina de platina em Marikana, na África do Sul, propriedade da Sibanye-Stillwater

Embora o Governo dos EUA tenha lançado uma série de medidas para incentivar o aumento da produção de minerais estratégicos e críticos no País, nomeadamente, ao abrigo da Lei de Redução da Inflação, Adeyemo reconheceu que os recursos no estrangeiro também são vitais.

“África vai desempenhar um papel importante”, afirmou. “Muitos minerais críticos estão localizados aqui”.

Os activos chineses em África já incluem projectos maciços de cobre e cobalto na República Democrática do Congo e na Zâmbia, bem como lítio no Zimbabué, onde as empresas são apoiadas por um forte investimento estatal chinês nas infra-estruturas de acompanhamento.

Adeyemo afirmou que os Estados Unidos estão a trabalhar com os aliados do G7 para colmatar essa lacuna em termos de infra-estruturas.

A Corporação Internacional de Financiamento do Desenvolvimento dos EUA está, entretanto, a tentar reduzir o risco do investimento privado em África. E o Vice-Secretário disse que Washington estava a incentivar a produção dos EUA para aumentar a procura desses minerais e criar condições de mercado favoráveis para os mineiros.

Entretanto, acrescentou que a Casa Branca também está pronta para garantir condições de concorrência equitativas.

“Estamos a falar com os nossos aliados europeus (…) sobre algumas das medidas que podemos tomar utilizando ferramentas comerciais para garantir que um país como a China não possa inundar o mercado com coisas como veículos eléctricos e painéis solares”, afirmou.

Responsabilização

Relativamente à Rússia, Adeyemo afirmou que países como a África do Sul também têm um papel a desempenhar.

Na sequência da invasão em grande escala da Ucrânia por Moscovo em 2022, o Governo dos EUA impôs sanções a uma série de mineiros russos e às exportações de minerais. Mas deixou os metais do grupo da platina (PGM) russos praticamente intocados.

Os Estados Unidos são um grande consumidor de paládio, um PGM usado em conversores catalíticos, com 32% das suas importações do metal provenientes da Rússia entre 2019 e 2022, de acordo com o Serviço Geológico dos EUA.

“A África do Sul tem uma oportunidade real de ajudar a abastecer a economia global”, disse Adeyemo. “E isso dá-nos a capacidade de tomar outras medidas para responsabilizar a Rússia.”

A África do Sul é um grande produtor de paládio, e a Sibanye-Stillwater extrai o metal tanto em Marikana como num projecto americano em Montana.

“Entre o que sai da África do Sul e o que é produzido nos EUA, os EUA não precisam de depender de fontes de qualquer outro País”, disse à Reuters, o CEO, Neal Froneman

No entanto, acrescentou, que empresas como a sua precisam do apoio do Governo dos EUA.

“É possível conceder empréstimos ou introduzir tarifas ou o que quer que seja”, disse ele. “Esse é um papel que eles precisam pensar de forma muito diferente e ajudar as empresas que estão a tentar obter e fornecer esses metais essenciais para esses ecossistemas.

Os Correios da África do Sul (SAPO) perderam 9,2 mil milhões de rands em valor accionista em três anos e enfrentam agora a falência.

Fonte: O Económico

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