Ameaça Global: Dívida pública prestes a ultrapassar US$ 100 trilhões

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A dívida pública global está em vias de superar a marca histórica de US$ 100 trilhões até o final de 2024, consequência das pressões económicas acumuladas nos últimos anos. O aumento exponencial da dívida deve-se a uma combinação de factores, incluindo os massivos pacotes de estímulo aplicados durante a pandemia, o aumento dos gastos com segurança e defesa devido a tensões geopolíticas, e a adaptação às mudanças climáticas, que exige investimentos significativos. O FMI projecta que a dívida alcançará 93% do PIB mundial este ano, com possibilidade de crescimento contínuo nos próximos anos.

Esse cenário coloca em evidência a vulnerabilidade das economias, especialmente das mais dependentes de financiamento externo. Embora o endividamento massivo tenha sido crucial para evitar um colapso económico imediato durante a pandemia, os desafios actuais exigem uma abordagem coordenada de consolidação fiscal. A dívida elevada também pode levar a volatilidade nos mercados de dívida soberana, o que afectaria os custos de financiamento de várias nações.

O FMI sugere que os países aproveitem o actual ciclo de afrouxamento monetário em várias economias para realizar ajustes fiscais, moderando os efeitos das taxas de juros. No entanto, esses ajustes não podem ser abruptos, pois cortes severos nos gastos públicos podem penalizar os mais vulneráveis, exacerbando a desigualdade e comprometendo o crescimento económico de longo prazo. O FMI estima que a redução da dívida global exigirá ajustes fiscais de cerca de 3 a 4,5% do PIB, um desafio significativo para governos já sobrecarregados.

O relatório também destaca a necessidade de um “equilíbrio cuidadoso” entre contenção de dívida e manutenção de investimentos essenciais em áreas como saúde, educação e transição energética. Sem essas reformas estruturais, há o risco de que a dívida pública continue a crescer descontroladamente, ampliando as desigualdades globais e prejudicando a recuperação económica sustentável.

Diante desse panorama, torna-se evidente que a dívida pública não pode ser vista apenas como um desafio económico, mas também como uma questão política e social que exige reformas profundas e a criação de instituições inclusivas que possam garantir uma distribuição mais equitativa dos benefícios económicos.

O que está em causa?

A persistência desse nível de dívida traz riscos significativos para a economia global. Países em desenvolvimento, em particular, são vulneráveis a crises de dívida, uma vez que têm menos flexibilidade fiscal e maior dependência de financiamento externo. Além disso, o aumento da dívida global pode levar a volatilidade nos mercados de dívida soberana, elevando os custos de financiamento para todas as nações, inclusive as economias avançadas.

O FMI sublinha que as políticas fiscais precisam de reformas urgentes, e o momento é agora, dado o ciclo de afrouxamento monetário que ocorre em muitas economias, com bancos centrais reduzindo as taxas de juros. Isso pode criar uma oportunidade para que os países comecem a estabilizar suas finanças públicas. No entanto, tal esforço exigirá grandes ajustes fiscais – entre 3% e 4,5% do PIB em média – para controlar a dívida global

Impactos Sociais

Reduzir a dívida pública global sem prejudicar o crescimento económico e aumentar a desigualdade será um desafio. Políticas de ajuste fiscal que se concentrem apenas em cortes de gastos podem impactar os setores mais vulneráveis da população, aumentando a desigualdade. Por isso, o FMI defende um ajuste fiscal bem calibrado, que proteja os grupos vulneráveis, mantenha investimentos em setores-chave, como educação e saúde, e, ao mesmo tempo, garanta uma trajetória sustentável para a dívida pública.

Fonte: O Económico

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