O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica, Rafael Mariano Grossi, visita o Irã esta semana para reuniões de alto nível com discussões técnicas sobre o programa nuclear do país.
Em comunicado, divulgado numa rede social, Grossi informou que será recebido pelo ministro das Relações Exteriores do Irã, S. Abbas Araghchi, com quem se encontrou em setembro às margens da Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque.
Espírito de colaboração e Acordo de Salvaguardas
O chefe da agência atômica da ONU irá debater a cooperação da Aiea com o Irã com base na Declaração Conjunta, firmada por ambas as partes em março de 2023, e como implementar o documento.
Rafael Mariano Grossi se reunirá com novos integrantes do governo que assumiram os postos após a morte do ex-presidente do Irã e do chanceler num acidente de helicóptero em maio deste ano.
Pela Declaração, a agência e o Irã prometem atuar num espírito de colaboração com base na agenda da Aiea e dos direitos e obrigações que a República Islâmica do Irã incluindo o acordo de salvaguardas.
Conselho de Segurança se reuniu sobre Irã em junho
Em junho, o Conselho de Segurança da ONU realizou um encontro sobre o tema com a presença da subsecretária-geral para Assuntos Políticos, Rosemary DiCarlo. Ela citou o relatório da Aiea informando que as ações de verificação e monitoramento seguiam afetadas “seriamente” pelo fim do Plano de Ação Conjunta e Abrangente, JCPOA na sigla em inglês, que o Irã tinha com todos os países-membros do Conselho de Segurança, Alemanha e União Europeia.
DiCarlo contou que a estimativa é de que o estoque de urânio enriquecido seria hoje 30 vezes maior que o permitido no acordo. Desde fevereiro de 2021, não tem sido possível verificar esses níveis.
Com a Declaração Conjunta, firmada em 2023, o país voltaria a cooperar com a Aiea e seus inspetores.
O Irã, em termos voluntários, também permitiria a Aiea a implementar atividades de verificações e monitoramento. As modalidades, no entanto, para a verificação ficaram para ser decididas depois.
Sanções foram reimpostas após fim do Acordo de 2015
O Plano de Ação, assinado pelo Irã em 2015, abriu caminho para que as sanções contra o país fossem suspensas.
Mas em 2018, o governo do então presidente Donald Trump, decidiu sair do acordo e voltar a impor sanções.
Um ano depois, o Irã anunciou que iria seguir enriquecendo urânio sem os limites impostos pelo acordo.
O país afirma que seu programa nuclear se deve à geração de energia doméstica com fins pacíficos. Mas outros integrantes da comunidade internacional expressam preocupação de que o Irã poderia desenvolver armas atômicas.
Fonte: ONU