A província de Nampula, norte de Moçambique, está a preparar-se para um avanço significativo no setor do turismo com a conclusão do Plano Director para o desenvolvimento de projetos turísticos integrados na região de Crusse & Jamali, no distrito de Mossuril. O plano, que deverá ser finalizado em Janeiro de 2025, promete transformar esta região em um dos principais destinos turísticos do País, aproveitando seu potencial natural e estratégico.
Este projeto de 300 milhões de dólares, financiado pelo Banco Mundial através da iniciativa “Conecta Negócios”, é um dos maiores investimentos no sector de turismo sustentável em Moçambique. Além de promover a criação de postos de trabalho e o desenvolvimento de infraestrutura de ponta, o plano visa estimular o bem-estar das comunidades locais e fomentar ligações económicas entre diferentes setores, particularmente no contexto da diversificação económica que Moçambique tanto necessita.
Um projecto ambicioso e integrado
Com uma área de 1.750 hectares destinada à implantação de infraestruturas turísticas, o plano para Crusse & Jamali prevê a construção de estâncias de classe mundial. A inclusão de hotéis de cinco estrelas, vilas, chalés, campos de golfe e zonas comerciais faz parte de uma visão que busca atrair turistas internacionais de alto nível, ao mesmo tempo em que desenvolve a capacidade local. Estas unidades deverão ter uma capacidade total de cerca de 600 camas, proporcionando à província de Nampula uma oportunidade única de se consolidar como um destino turístico de referência em Moçambique e em toda a África Austral.
Um dos principais elementos que fortalece o potencial deste projeto é a sua localização estratégica. Crusse & Jamali estão situadas a apenas 40 quilómetros da histórica Ilha de Moçambique, património mundial da UNESCO, e a cerca de 150 quilómetros da cidade de Nampula. A proximidade com o Aeroporto de Nacala, que já está em funcionamento, adiciona uma dimensão importante de conectividade, facilitando o fluxo de turistas e o desenvolvimento de infraestruturas complementares.
Desenvolvimento sustentável e inclusão social
A dimensão social e ambiental do projecto é outro factor que merece destaque. Segundo Nuno Fortes, Director de Serviços de Investimento e Desenvolvimento do Turismo no Instituto Nacional de Turismo (INATUR), em entrevista ao diário “Notícias” o plano é mais do que uma mera iniciativa de infraestrutura turística; ele pretende criar sinergias que beneficiem as comunidades locais, promovendo o desenvolvimento de forma inclusiva e sustentável. Infraestruturas modernas serão construídas para garantir que a área esteja devidamente conectada às principais redes de serviços públicos, o que inclui eletricidade, água e saneamento.
Ao apostar no turismo sustentável, o plano também abre portas para a preservação e promoção dos recursos naturais da região, garantindo que o impacto ambiental seja minimizado e que os recursos locais sejam utilizados de forma eficiente. Isso coloca o projeto em linha com as tendências globais do turismo, onde a sustentabilidade é vista como um pilar essencial para o sucesso a longo prazo.
Potencial económico e impacto regional
A conclusão do Plano Diretor de Crusse & Jamali será um marco no esforço contínuo para atrair investimentos para Moçambique. Através da criação de uma oferta turística diversificada e de qualidade, a região de Nampula poderá beneficiar não só do aumento do fluxo turístico, mas também da dinamização de outros setores económicos. O desenvolvimento do turismo frequentemente cria ligações naturais com a agricultura, pesca, comércio e artesanato local, gerando novas oportunidades para pequenas e médias empresas.
O impacto potencial do projecto vai além das fronteiras do distrito de Mossuril. Ao criar um novo polo de atração turística, Crusse & Jamali têm o poder de reconfigurar a economia local e regional, impulsionando o crescimento de setores complementares e estimulando a competitividade de Nampula no contexto nacional
Desafios e expectativas
No entanto, para que o sucesso deste projetco seja plenamente concretizado, será necessário superar alguns desafios significativos. A gestão eficaz dos recursos, a capacitação da mão de obra local e a criação de um ambiente regulatório propício ao investimento privado serão fatores críticos para garantir que o Plano Diretor de Crusse & Jamali não só seja implementado, mas que se torne sustentável ao longo do tempo. O envolvimento activo das comunidades e a integração de práticas de governança transparente serão igualmente fundamentais para garantir a longevidade e o impacto positivo da iniciativa.
O desenvolvimento do turismo em Nampula, através deste ambicioso plano, representa uma aposta no futuro do sector e na capacidade de Moçambique de se afirmar como um destino turístico de renome. À medida que o projeto se aproxima de sua fase de conclusão, as expectativas são grandes, e o potencial de transformação que ele trará para a província e para o País é inegável. A partir de janeiro de 2025, Crusse & Jamali poderão emergir como um novo símbolo do turismo sustentável e inclusivo em Moçambique.
Fonte: O Económico