Os mercados financeiros estão a ajustar-se a uma realidade em que o dólar americano pode continuar a enfraquecer, à medida que o Federal Reserve (Fed) se prepara para iniciar um novo ciclo de cortes nas taxas de juro. Com a inflação a recuar de forma sustentada nos Estados Unidos, atingindo 2,5% em Agosto de 2024, os investidores esperam que o banco central norte-americano avance com uma redução de 25 pontos base (bp) na sua próxima reunião, agendada para os dias 17 e 18 de setembro.
Esta possível decisão, que vem sendo antecipada por economistas desde Julho, marca um ponto de viragem importante na política monetária dos EUA, que tem mantido as taxas de juro no intervalo mais elevado dos últimos 23 anos. O Presidente do Fed, Jerome Powell, já sinalizou que, caso a inflação continue a desacelerar, o corte das taxas poderá acontecer este mês, sendo o primeiro desde a crise da Covid-19.
Com a perspectiva de uma política monetária mais acomodatícia, o dólar tem vindo a desvalorizar face a várias moedas globais. O euro subiu para 1,1138 dólares, e o yen japonês atingiu os níveis mais fortes do ano contra o dólar, movendo-se na casa dos 140 yenes por dólar. Analistas acreditam que, caso o Fed adopte um tom mais dovish, isto é, de maior flexibilização, o dólar poderá enfraquecer ainda mais, especialmente em relação ao yen, dado o contraste com a política monetária do Banco do Japão, que continua estável mas com sinais de futuros aumentos.
Os impactos desta possível decisão não se limitam ao mercado cambial. O índice *S&P 500 registou uma subida de 1,6% nos últimos dias, impulsionado pelas expectativas de cortes nas taxas, enquanto os títulos do Tesouro norte-americano também viram uma descida nos rendimentos. As grandes tecnológicas, como a Nvidia, têm liderado os ganhos, reflectindo a confiança renovada dos investidores num ambiente de taxas de juro mais baixas.
No entanto, alguns analistas alertam para os riscos de que a redução nas taxas de juro possa não ser tão rápida ou acentuada quanto o esperado, especialmente se os indicadores económicos futuros mostrarem sinais de aquecimento do mercado de trabalho ou aumento da inflação. Caso o corte seja inferior a 25 pontos base ou se o Fed adotar uma postura mais conservadora, o dólar poderá recuperar parte das suas perdas recentes.
À medida que se aproxima a reunião de Setembro, a incerteza nos mercados continua elevada, com todos os olhares voltados para a mensagem que o Fed irá transmitir sobre o futuro da sua política monetária.
Fonte: O Económico
