Revista Tempo

Serão lançados novos concursos de pesquisa de petróleo – INP

O Instituto Nacional de Petróleos (INP) de Moçambique, confirmou que lançará novos concursos públicos para a exploração de blocos de hidrocarbonetos. Esta decisão, anunciada pelo Presidente do Conselho de Administração, Nazário Bangalane, durante uma entrevista ao “Semanário Económico”, sinaliza que o Pais vai intensificar as suas actividades no ramo do petróleo e gás, atraindo investimentos ao mesmo tempo que se aprimora o ambiente institucional e de mercado energético moçambicano 

Novos Concursos: Impulsionar o crescimento do sector

Bangalane foi claro ao responder à pergunta sobre a abertura de novos concursos: “Sim, temos uma estratégia que permite lançar concursos.” A afirmação surge num momento crucial para o País, que procura maximizar o potencial das suas vastas reservas de gás natural. Segundo o dirigente, os concursos anteriores resultaram em descobertas significativas, o que reforça a confiança na capacidade de Moçambique para atrair novos investimentos e consolidar o seu lugar como um dos maiores fornecedores de gás natural no continente africano.

Os blocos que estarão disponíveis para concurso incluem áreas que não foram adjudicadas em rondas anteriores, mas que têm vindo a despertar o interesse de investidores internacionais. “Temos cerca de 10 blocos que não foram adjudicados no passado, mas há empresas que já nos contactaram com interesse nessas áreas”, afirmou Bangalane, sublinhando que o potencial do País continua a ser altamente atractivo.

A regulação e a inovação tecnológica como factores críticos

O lançamento de novos concursos implica também desafios consideráveis para o INP, que terá de assegurar um ambiente regulatório estável e competitivo, alinhado com as exigências internacionais em termos de sustentabilidade e inovação tecnológica. O sector de hidrocarbonetos em Moçambique caracteriza-se pela sua complexidade, exigindo do regulador uma constante adaptação às dinâmicas globais e às novas tecnologias emergentes.

Nos últimos anos, o INP tem intensificado o seu foco em auditorias técnicas e no acompanhamento diário das operações no terreno, garantindo que as actividades dos operadores estão em conformidade com os regulamentos, especialmente no que diz respeito ao impacto ambiental. Segundo Bangalane, uma das grandes prioridades é garantir que a regulação acompanhe o ritmo das inovações no sector: “Temos regulamentos que estamos a aplicar, e que consideramos adequados, mas sempre com a possibilidade de ajustamento, caso o sector avance mais rapidamente.”

Descarbonização e a produção de hidrogénio: Uma aposta para o futuro

Paralelamente ao lançamento de novos concursos, o INP está empenhado em integrar inovações tecnológicas que assegurem a competitividade de Moçambique no cenário energético global. A descarbonização do gás natural é um dos principais focos estratégicos da instituição, com destaque para a implementação de tecnologias de captura e armazenamento de carbono (CCS). Estas tecnologias visam reduzir as emissões de carbono associadas à produção de gás, tornando-o mais atractivo para os mercados internacionais, que privilegiam cada vez mais as energias limpas.

Outra grande aposta do INP é a produção de hidrogénio a partir de gás natural, uma inovação que promete transformar o sector energético moçambicano, alinhando-o com as tendências globais de transição para energias renováveis. O Presidente do INP afirmou que estão a ser estabelecidas as condições necessárias para atrair investimentos neste campo, numa estratégia que visa garantir que o gás moçambicano continue a ser um recurso competitivo no futuro.

O equilíbrio entre exportação e mercado nacional

Uma das questões fundamentais abordadas por Nazário Bangalane foi a necessidade de garantir que o gás natural de Moçambique beneficie não apenas os mercados internacionais, mas também a economia doméstica. Actualmente, uma parte significativa do gás é destinada à exportação, mas há um esforço crescente para promover a sua utilização no mercado interno, especialmente para a geração de energia e a produção de fertilizantes.

Este equilíbrio entre a exportação e a domesticação do gás natural é visto como crucial para o desenvolvimento industrial do País. Segundo Bangalane, vários investidores já demonstraram interesse em projectos que utilizem o gás moçambicano para fins industriais, o que poderá acelerar o processo de industrialização e contribuir para a diversificação económica.

Perspectivas para o futuro: A transição nergética em Moçambique

A visão estratégica do INP para os próximos anos inclui a adaptação à transição energética global, com um foco claro na descarbonização e na adopção de tecnologias mais limpas. Moçambique, com as suas vastas reservas de gás natural, tem a oportunidade de desempenhar um papel importante no fornecimento de energia sustentável para o mundo.

O desenvolvimento de uma regulação que permita a implementação de projectos de captura e armazenamento de carbono, bem como a promoção de novos usos para o gás, como a produção de hidrogénio, são parte integrante desta estratégia. A expectativa é de que estas inovações tornem o sector moçambicano mais resiliente e preparado para as exigências de um mercado em rápida transformação.

O anúncio de novos concursos para a exploração de blocos de hidrocarbonetos em Moçambique reitera uma oportunidade significativa para o crescimento do sector e para a captação de novos investimentos. Contudo, este crescimento deverá ser acompanhado por uma estratégia robusta de regulação e inovação, que assegure a sustentabilidade das operações e o alinhamento com as tendências globais de transição energética.

Ao manter um foco claro na descarbonização e na industrialização da economia moçambicana, o INP posiciona-se como um actor-chave na transformação do sector de hidrocarbonetos em Moçambique. A instituição, segundo o seu PCA,  está preparada para enfrentar os desafios futuros e para garantir que o gás natural continue a ser uma fonte de desenvolvimento e prosperidade para o país.

Fonte: O Económico

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