Revista Tempo

Na ONU, Cabo Verde declara “grande ambição” de eliminar pobreza e desigualdade de gênero

Um almoço em família em Cabo Verde. Como não há eletricidade, as refeições são preparadas em fogo aberto no quintal

Cabo Verde participa da 68ª Sessão da Comissão sobre o Estatuto da Mulher, CSW, que tem como tema central o combate à pobreza e seus impactos na população feminina, trazendo uma mensagem de “esperança”. 

Representando o país, o ministro da Família, Inclusão e Desenvolvimento Social, Fernando Elisio Freire, concedeu entrevista para a ONU News e compartilhou as principais ambições nacionais ligadas ao fim da pobreza e à promoção da igualdade de gênero.

CSW: ministro de Cabo Verde destaca avanços do país na igualdade de gênero

“Não queremos ser o país que esteve quase lá”

“Temos uma grande ambição. A nossa missão é de um dia sermos um país desenvolvido e de eliminarmos a pobreza extrema até 2026. Estamos no bom caminho. Somos um país que tem aplicado bem o recurso dos cabo-verdianos na promoção do desenvolvimento. Mas nós não queremos ser o país que esteve quase lá. Queremos ser o país que efetivamente conseguiu a igualdade de gênero”.

O ministro destacou que o país já realizou um “grande percurso de melhoria das condições de acesso de todos os cabo-verdianos à educação, à saúde, à habitação, à energia, à água, à eletricidade, ao saneamento”.

No entanto, ele alertou que a nação africana não pode ser “prejudicada pelo sucesso”, no sentido da perda de apoio estrangeiro para projetos voltados para acabar com desigualdades entre homens e mulheres.

Dignidade humana no centro das ações

“É preciso o engajamento da comunidade internacional de não retirar ou prejudicar Cabo Verde pelo seu sucesso, mas sim incentivar para poder atingir a efetiva igualdade de gênero”.

Freire defendeu um maior acompanhamento das associações que trabalham com direitos das mulheres no país e o reforço da capacidade de intervenção junto das comunidades.

O representante da nação insular afirmou que o país quer ser visto pelo mundo como “um exemplo”, por defender de forma “intransigente” a dignidade das pessoas e a igualdade de tratamento entre todos os cidadãos. 

“Nós trazemos uma mensagem de esperança, uma mensagem de que a dignidade da pessoa humana tem que ser o centro de todas as ações das Nações Unidas, principalmente no que se relaciona com a igualdade de gênero”.

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PMA/Richard Mbouet
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Desafios de inclusão econômica

A última “Análise Nacional Conjunta” realizada pela ONU em Cabo Verde, e publicada em outubro de 2023, aponta que as desigualdades de gênero ainda são um desafio, especialmente na dimensão econômica, pois as mulheres têm menor participação no mercado de trabalho e sofrem com maior incidência da pobreza.

O levantamento também identificou uma grande disparidade de gênero no acesso à agricultura irrigada, com 76,1% das fazendas que produzem excedentes sendo lideradas por homens contra 23,9% lideradas por mulheres. Em geral, as mulheres têm menos acesso à terra, irrigação e técnicas de agricultura moderna, que são mais produtivas e lucrativas. 

A ONU defende que para eliminar as disparidades de gênero em todos os campos é necessário assegurar acesso mais igualitário a treinamento, habilidades, finanças e tecnologia.

Fonte: ONU

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