A Organização Mundial da Saúde, OMS, rejeitou novamente as alegações de “conluio” com parceiros não relacionados à saúde, seja dentro ou abaixo das instalações hospitalares em Gaza.
Nesta quarta-feira, a gerente de incidentes da OMS para o conflito no Território Palestino Ocupado, Teresa Zakaria, reforçou que “definitivamente” não há qualquer associação da agência de saúde da ONU com outras entidades no setor de saúde ou no Ministério da Saúde local.
“Não há conluio”
Em coletiva de imprensa em Genebra, Suíça, ela acrescentou que a OMS não pode verificar tudo o que acontece nos hospitais de Gaza e que o trabalho da entidade em hospitais é na prestação de serviços aos pacientes. Teresa Zakaria ainda lembrou que os locais servem de abrigo para milhares que fogem da violência.
O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, já havia refutado as acusações em janeiro. Em sua rede social, ele ainda explicou que as “alegações falsas” colocavam em perigo os funcionários da agência, que estão no terreno para servir.
Falando de Gaza, o representante da OMS no Território Palestino Ocupado, Rik Peeperkorn, insistiu que os hospitais “nunca deveriam ser militarizados” e que as atenções estavam voltadas para a violência e para a temida ofensiva em grande escala em Rafah, no sul do enclave.
O avanço ocorre em um cenário crítico, no qual os hospitais estão à beira do colapso, totalmente sobrecarregados e com capacidade extremamente limitada.
Peeperkorn lembra que, atualmente, cerca de 1,5 milhão de residentes de Gaza estão vivendo em condições precárias, alojados em tendas improvisadas e abrigos providenciados pela Agência das Nações Unidas para Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, em toda a região de Rafah.
Hospitais sobrecarregados e com falta de suprimentos
O médico da OMS descreveu os poucos hospitais que ainda funcionam parcialmente em Rafah como “completamente sobrecarregados, transbordando e com falta de suprimentos”. Ele adicionou que, desde novembro, apenas 30% das intervenções da OMS ao norte foram facilitadas pelas autoridades israelenses.
Segundo Peeperkorn, desde janeiro, o número de missões negadas ou adiadas é muito maior, acrescentando que apenas aproximadamente 45% das solicitações de missões para o sul foram atendidas. Ele considerou a situação absurda, enfatizando que “mesmo quando não há cessar-fogo, devem existir corredores humanitários para que a OMS, a ONU e os parceiros possam fazer seu trabalho”.
Os médicos da ONU expressaram temores de um desastre humanitário de proporções inimagináveis caso uma incursão em larga escala das forças militares israelenses ocorra em Rafah, sul de Gaza.
O pronunciamento se soma às preocupações do principal líder humanitário da ONU, Martin Griffiths, que também alertou que ataques no local poderiam resultar em um massacre.
Fonte: ONU