A presidente do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres admite haver fragilidade na fiscalização de habitação, o que origina construções precárias e em locais de risco. Luísa Meque diz que é preciso melhorar esta questão e aconselha as populações a optarem por construções resilientes às mudanças climáticas.
Moçambique é um dos países mais vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas. Ciclos sucessivos de secas, ciclones, cheias e inundações assolam o país com frequência e o cenário só piora se acrescentarmos, ao pacote, as construções em locais de risco.
Neste último ponto, a presidente do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD) admite haver fragilidades. “Temos vindo a notar que, basicamente, uma das maiores causas de mortalidade tem sido o desabamento de casas. Estarmos a construir em locais de risco já é uma grande fragilidade. Então, um dos grandes desafios é evitar construções nesses locais de risco”, disse Luísa Meque.
A presidente do INGD põe o dedo na ferida e diz que a fiscalização da habitação precisa de melhorias.
“Tudo tem a ver com como o sector técnico tem vindo a realizar o seu trabalho, a harmonização… há que haver maior comunicação. Mas tenho a certeza de que todos os sectores estão cientes de que nós devemos”, disse.
O conflito no Norte do país é outro problema que preocupa o INGD. Dados da instituição indicam que, só em Abril deste ano, o terrorismo no Norte do país fez mais de 850 mil deslocados. Na região central, mais de 129 mil deslocados ainda aguardam soluções duradouras, depois do ciclone Idai.
Esta segunda-feira, o INDG fez um lançamento do curso online, denominado “e-Learning”, para a educação sobre a gestão de deslocados internos, por mudanças climáticas e desastres em Moçambique.
Com a iniciativa, que conta com o apoio do Conselho Norueguês de Refugiados (NRC), a Organização Internacional para Migrações (OIM) e a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), pretende-se capacitar as populações em matérias de desastres naturais, de modo a dotar as populações de conhecimentos para saberem lidar com os impactos dos desastres naturais.
É uma iniciativa que tem as suas limitações, visto que mais da metade da população no país não tem acesso à internet.
O INGD diz estar ciente desta dificuldade, mas não avança soluções. “Sendo um curso online, temos a consciência de que nem todos têm acesso à internet e a um computador, mas o que nós queremos é partilhar aquilo que nós temos estado a fazer e como nos podemos posicionar nas comunidades perante esta situação dos deslocados internos”, disse a presidente da instituição.
Para a implementação do “e-Learning”, foram formados quatro técnicos na Itália. O projecto inicia-se esta semana e, numa primeira fase, considerada de testes, serão abrangidas cinco províncias, nomeadamente, Cabo Delgado, Zambézia, Nampula, Sofala e Inhambane.
Fonte:O País