CASAS abandonadas ou ainda alagadas, ruas com transitabilidade condicionada e centenas de famílias desalojadas é o cenário que ainda se verifica em alguns bairros da cidade de Maputo afectados pela chuva intensa que caiu no último mês de Fevereiro.
Nos bairros Magoanine “A”, “B” e “C”, Hulene, Maxaquene, Costa do Sol, entre outros, o facto é desolador e agravado pela falta ou ineficiência dos sistemas de drenagem. O facto, para além de concorrer para eclosão de doenças de origem hídrica, condiciona as actividades quotidianas dos moradores, que necessitam de botas para circular.
Algumas pessoas viram-se obrigadas a procurar abrigo em outros locais, num cenário em que os alagamentos causaram não só prejuízos materiais como também traumas na vida de quem teve de assistir de braços cruzados os seus bens sendo arrastados ou “engolidos” pela fúria das águas.
Angélica Mabunda, residente no quarteirão 21 do Bairro de Magoanine “A” desde 2009, é exemplo claro de quem perdeu quase tudo. Revelou que só teve tempo de levar os filhos e se mudar para casa de Adelaide Sigaúque, irmã da igreja, que, à semelhança de muitos, ofereceu abrigo aos afectados pelas enxurradas.
Permaneceram no local por nove meses e só regressaram à casa porque a mesma estava a ser vandalizada por malfeitores, que subtraíram grande parte dos bens que tinham sobrado.
Embora não ofereça comodidade e segurança, uma vez que parte da residência encontra-se alagada, com muita vegetação ao redor e lixo no pátio, contou que foi o melhor que podia fazer para evitar mais perdas. Diz que enquanto aguarda pela atribuição de um novo espaço para recomeçar a vida continuará neste local e nas condições existentes.
Entretanto, há quem está a fazer uso dos espaços abandonados para a prática da agricultura, contribuindo para melhoria da dieta familiar. É o caso de Sara Ngonhama, de 90 anos, que cultiva hortícolas e verduras tolerantes a solos com água no quarteirão 28.
Famílias abrigadas nos centros
PELO menos 63 famílias do Bairro de Magoanine “A”, o correspondente a 232 pessoas, 109 das quais menores, continuam abrigadas num dos centros de acolhimento aberto para receber os afectados pelas enxurradas.
O “Notícias” escalou o local onde, segundo o coordenador, Sérgio Teló, os agregados que residem temporariamente recebem assistência do Instituto Nacional de Gestão e Redução de Desastres (INGD) e do Instituto Nacional de Acção Social (INAS), através do Município de Maputo.
Fonte:Jornal Notícias