Comandante da polícia em Mandlakazi presa por negligência no sumiço de pontas de elefantes

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A chefe do Comando Distrital da Polícia da República de Moçambique (PRM), em Mandlakazi, na província de Gaza, encontra-se privada de liberdade, desde terça-feira (01), por alegado envolvimento no desaparecimento de duas pontas de marfim, a 27 de Julho passado. Trata-se de uma prática já recorrente na instituição que tem como função garantir a segurança e a ordem públicas e combater infracções à lei.

Para além da comandante, identificada pelo nome de Isaura Munguambe, outros quatro agente da corporação e um presumível transportador das referidas pontas de marfim também recolheram aos calabouços.

A indiciada é inspectora principal da Polícia e foi indigitada comandante distrital em 2015, apurou o @Verdade.

Uma fonte da corporação no Comando Provincial da PRM, em Gaza, disse ao nosso jornal que as pontas de marfim foram, supostamente, retiradas de um elefante encontrado morto no posto administrativo de Macuácua.

O produto foi posteriormente depositado no Comando Distrital da PRM, em Mandlakazi, de onde devia ser encaminhado à Direcção Provincial de Terra Ambiente e Desenvolvimento Rural de Gaza.

Contudo, tal não aconteceu e as pontas sumiram misteriosamente. Porque a culpa não pode morrer solteira, a corporação julgou que Isaura Munguambe foi desleixada, por isso, tem culpa no cartório e devia acompanhar os seus colegas às celas.

“Ela não está detida por envolvimento no roubo [de pontas de elefante], mas sim, por negligência, porque devia ter criado condições seguras para que as pontas não fossem roubadas”, disse a nossa fonte, ajuntando que a visada foi detida por ordem do Ministério Público.

A Polícia disse que está investigar o paradeiro das referidas pontas e o presumível comprador.

Em Gaza, não é a primeira vez que um chefe da PRM é preso por envolvimento na caça furtiva e/ou venda pontas de animais protegidos.

Há alguns anos, um comandante da Polícia no distrito de Massingir foi recolhido à celas alegada prática de caça furtiva de rinocerontes no Parque do Limpopo.

Na altura, o chefe da Brigada Distrital da Polícia de Trânsito (PT), no mesmo distrito, também ficou encarcerado, acusado de conexão.

Na província de Inhambane, pelo menos quatro pontas de marfim que estavam conservadas nos Serviços Provinciais de Florestas e Fauna Bravia (SPFFB) desapareceram em circunstâncias não esclarecidas.

O produto estava guardado naquelas instalações do Estado há tempo e a forma como o roubo aconteceu levanta fortes suspeitas de envolvimentos de alguns funcionários dos SPFFB, uma vez que não houve nenhum arrombamento.

Aliás, na madrugada de 22 de Maio de 2015, um total de 65 cornos de rinoceronte, com peso estimado em 124 quilogramas, apreendidos num dos condomínios luxuoso em Tchumene, no município da Matola, a 12 do mesmo mês, foram roubados nas instalações do Comando Provincial da PRM.

O sítio estava trancado com três cadeados, cujas chaves estavam confiadas a igual número de pessoas. O produto tinha sido apreendido na residência de um cidadão chinês e fazia parte de um lote que incluía 340 pontas de marfim, equivalentes a 1.160 quilogramas.

Após frustrada a tentativa de abafar o caso, a Polícia assumiu, publicamente, que os cornos foram, efectivamente, roubados. Contudo, o crime, que deixou as fragilidades da PRM a descoberto, ainda não foi esclarecido.

@Verdade – Nacional

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