O subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários Martin Griffiths, alertou o Conselho de Segurança nesta quarta-feira que a prestação de auxílio na Faixa de Gaza depende da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina, Unrwa.
Após alegações de envolvimento de funcionários da ONU nos ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro, vários países suspenderam sua ajuda financeira à entidade. Ao afirmar que os cortes devem ser revogados, ele reforçou o que os serviços da Unrwa atendem para mais de três quartos dos residentes de Gaza, que não devem ser prejudicados pelas “supostas ações de alguns indivíduos”.
Ajuda humanitária insuficiente
Griffiths adicionou que, ao mesmo tempo, a capacidade da comunidade humanitária de chegar à população de Gaza com ajuda continua “extremamente inadequada”. Apesar das condições perigosas no local, ainda há apoio ao comércio local, além da distribuição de alimentos, água, kits de higiene e limpeza, tendas e cobertores.
Segundo o chefe humanitário, os parceiros humanitários também entregam medicamentos e suprimentos médicos e ajudam a realocar pacientes. Para Griffiths, medidas urgentes devem ser tomadas para garantir o acesso rápido e desimpedido, com garantias de segurança, fluxo previsível de suprimentos e acesso aos civis necessitados em todo o enclave.
Estruturas civis
No entanto, ele alertou que a continuação de combates ao redor dos hospitais em Khan Younis ameaça o bem-estar de milhares de pessoas e deslocam outros milhares para Rafah, no sul de Gaza.
Números do Ministério da Saúde de Gaza citados por Griffiths apontam que já são mais de 26 mil mortos e 65 mil feridos no enclave, sendo a maioria são mulheres e crianças.
Ele disse que mais de 60% das unidades habitacionais foram destruídas ou danificadas, com cerca de 75% da população total de Gaza deslocada. “A água potável está quase totalmente inacessível”, alertou. Qualquer pessoa deslocada de Gaza deve ter garantido o direito de retornar voluntariamente, como exige a lei internacional, continuou ele.
Importância da Unrwa no Oriente Médio
Também nesta quarta-feira, o secretário-geral da ONU, António Guterres, descreveu a Unrwa como “a espinha dorsal de toda a resposta humanitária em Gaza” no apelo a todos os países para que “garantam a continuidade do trabalho” que “salva vidas”.
Ele falou durante a sessão do Comitê sobre o Exercício dos Direitos Inalienáveis do Povo Palestino, um órgão da Assembleia Geral. Condenando os ataques do Hamas, o secretário-geral reforçou que a “morte, destruição, deslocamento, fome, perda e luto em Gaza nos últimos 120 dias são uma cicatriz em nossa humanidade”.
Guterres reiterou a importância de manter o trabalho vital da Unrwa para atender às necessidades dos civis em Gaza e garantir a continuidade dos serviços aos refugiados palestinos na Cisjordânia ocupada, na Jordânia, no Líbano e na Síria.
Se referindo a decisão da Corte Internacional de Justiça da última semana, o chefe da ONU afirmou que o “direito humanitário internacional, incluindo os princípios de distinção, proporcionalidade e precauções no ataque, deve ser mantido em todos os momentos”. Ele acrescentou que “as decisões vinculantes da Corte Internacional de Justiça devem ser cumpridas.
Fonte: ONU