Iêmen tem 13 funcionários da ONU entre dezenas de detidos em locais desconhecidos

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O Conselho de Segurança debateu a situação no Iêmen na sessão desta quinta-feira. O enviado especial do secretário-geral para o país, Hans Grundberg, apontou que já se passaram quase 80 dias após o início da detenção de funcionários da ONU.

Ele disse que entre os alvos da campanha dos Houthis, como é conhecido o grupo Ansar Allah, estão grupos da sociedade civil, ONGs nacionais e internacionais, missões diplomáticas e entidades do setor privado.

Privilégios e Imunidades da ONU

Um total de 13 funcionários da ONU estão entre dezenas de detidos em locais desconhecidos. Eles se juntam aos trabalhadores do Escritório de Direitos Humanos e da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, que foram presos entre 2021 e 2023.

Hans Grundberg considera o fechamento do Escritório da ONU de Direitos Humanos na capital Sanaa e a solicitação de saída de equipe internacional como “uma violação flagrante dos Privilégios e Imunidades da ONU”. Em 3 de agosto o escritório foi invadido. 

Diante da série de eventos, o enviado vê um “sinal ameaçador da direção mais ampla que o Ansar Allah toma” no que “representa um grave ataque à capacidade das Nações Unidas de executar seu mandato”.

Bebê é examinado por um voluntário da área de saúde em um acampamento em Qataba, no sudoeste do Iêmen.
© UNICEF/Record Media

Bebê é examinado por um voluntário da área de saúde em um acampamento em Qataba, no sudoeste do Iêmen.

Centenas de milhares de vítimas

Ele destacou ainda os efeitos da escalada regional do conflito entre Israel e o Hamas em Gaza que desde outubro do ano passado “está ocorrendo paralelamente a desafios reais e urgentes dentro do Iêmen que precisam ser abordados”.

Entre as questões urgentes por resolver estão o conflito de uma década que causou centenas de milhares de vítimas, enfraqueceu o tecido social do Iêmen e prejudicou a prestação de serviços públicos.

O país ficou ainda mais vulnerável aos desastres naturais, a riscos ambientais e às doenças. O exemplo são as recentes inundações em áreas como Hodeida, Ma’rib e Tai’z, e um surto ativo de cólera.

O apelo feito às partes envolvidas na crise é que priorizam os iemenitas, assumam a responsabilidade de cuidar do Iêmen e voltem a focar na busca de soluções para os problemas do país.

Processo político e cessar-fogo

Hans Grundberg destacou que continuam os ataques dos Houthis ao Mar Vermelho e as operações dos Estados Unidos e do Reino Unido a alvos militares em território controlado por Ansar Allah. Para ele, a situação é “insustentável”.

O mediador pediu a união do Conselho para promover um processo político e um cessar-fogo, bem como ações em defesa da libertação de pessoal das Nações Unidas.

Na reunião participou ainda a diretora da Divisão de Financiamento e Parcerias do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários, Ocha. Lisa Doughten disse que o plano de auxílio deste ano recebeu somente 27% dos fundos solicitados.

A mais recente situação de necessidade registrou-se nos últimos 10 dias com a queda de chuvas torrenciais e inundações inesperadas. Várias províncias iemenitas tiveram casas, fazendas e infraestrutura pública danificadas.

A situação levou cerca de 98 pessoas a perder a vida e mais de 600 feridos. Pelo menos 69,5 mil famílias foram diretamente afetadas pela perda de habitações e de fontes de sustento. 

Fonte: ONU

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