Excesso de gás a nível mundial poderá atingir máximos de várias décadas nos próximos anos – Morgan Stanley

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Os preços do gás natural caíram à medida que o mundo se debate com um excesso de oferta após um Inverno mais quente do que o previsto.

O recente apogeu do gás natural liquefeito fez disparar os preços e os lucros, estimulando uma vaga de investimentos no sector. Mais de 150 milhões de toneladas por ano de capacidade de GNL estão actualmente em construção, marcando uma “onda recorde de expansão”, afirmou o Morgan Stanley numa nota recente. Para um mercado que actualmente se situa em mais de 400 mtpa, isto representa um “crescimento significativo da oferta”.

“Esperamos que o excesso de oferta no mercado do gás atinja máximos de várias décadas nos próximos anos”, afirmaram os estrategas de matérias-primas do Morgan Stanley.

Os preços do gás natural situam-se actualmente em 1,83 dólares por MMBtu (milhão de unidades térmicas britânicas), o que representa uma descida de cerca de 22% este ano.

Um Inverno mais quente do que o normal reduziu a procura de aquecimento e, consequentemente, de gás nos principais países consumidores de GNL.

“Os preços globais do gás natural têm registado uma tendência descendente devido às condições amenas do Inverno nas regiões do Hemisfério Norte, como os EUA, a Europa e o Norte da Ásia”, disse Zhi Xin Chong, responsável da S&P Global pelos mercados emergentes de gás e GNL da Ásia, à CNBC.

Os níveis de armazenamento superiores à média daí resultantes tiveram um “grande impacto nos preços”, que têm vindo a registar uma tendência descendente desde Outubro, acrescentou.

Os EUA, que são o maior exportador de GNL do mundo, registaram o Inverno mais quente de que há registo. A Europa registou a segunda temperatura de Inverno mais quente de que há registo. Do mesmo modo, a temperatura média do Japão neste Inverno foi também 1,27 graus Celsius (2,29 graus Fahrenheit) mais elevada do que o normal, para o segundo Inverno mais quente de que há registo.

Numa base mensal, os preços de referência do gás natural à vista atingiram um mínimo histórico em Fevereiro, com 1,72 dólares por MMBtu.

 

O que é que isso significa para os diferentes países?

“Os países da Europa serão, sem dúvida, os que mais beneficiarão com estes preços baixos”, afirmou Chong.

Na sequência da redução da oferta da Rússia, as importações de GNL da Europa aumentaram para 35% do total da sua oferta de gás, sendo a maior parte adquirida a preços à vista. Por conseguinte, os preços mais baixos são úteis para manter as importações de combustível a preços acessíveis.

Segundo o Morgan Stanley, a Índia e o Sudeste Asiático são outros dos principais beneficiários. Os preços mais baixos do GNL são os que mais beneficiam a Índia e a Tailândia, uma vez que o gás importado constitui 30% a 50% do seu aprovisionamento energético. A procura de gás na Índia é das mais elásticas, o que significa que os consumidores comprariam mais quando os preços baixassem. A Tailândia é um dos maiores consumidores de gás per capita entre as economias de mercado emergentes.

Lu Ming Pang, analista sénior da Rystad Energy, afirmou que a procura poderá aumentar à medida que os operadores emergentes e de segunda linha, como a China, forem atraídos de novo para o mercado pelos preços baixos.

“Todos estes factores parecem apontar para um preço mínimo”, afirmou Chong.

Fonte: O Económico

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