A artista moçambicana, Fauziya Fliege, expõe “Em homenagem a minha avó”, mostra de artes plásticas patente na Galeria Nacional, na cidade de São José, na Costa Rica. Trata-se de uma exposição que se encerra este domingo, depois de um mês aberta ao público, entre terça-feira e domingo.
Com a mostra, Fauziya Fliege partilha a história de uma mulher excepcional, cuja história é comovente e merece ser conhecida por muitos. É uma narrativa de bravura e auto-aperfeiçoamento que começa com a sua infância numa aldeia como filha do chefe local.
Aos 13 anos, a sua vida mudou drasticamente, foi dada de presente a um colonizador branco português num casamento que lhe roubou a juventude e a inocência. Apesar de viver num palácio, o seu espírito sempre ansiava pela liberdade e alegria que lhe foram negadas na juventude.
Ao longo da vida, a avó de Fliege enfrentou inúmeros sacrifícios e dificuldades, mas permaneceu determinada. Tornando-se mãe aos 15 anos, os seus dias foram marcados pela saudade da vida que nunca pôde desfrutar, pelas aventuras e experiências que lhe foram negadas. “Esta mostra é uma vitrine que reflecte a força e o legado da minha avó, uma mulher excepcional”, partilha a artista, acrescentando que, através de suas histórias, “minha avó transmitiu valiosas lições de vida e nos ensinou a nunca desistir, não importa os desafios que enfrentamos. Sua história de resiliência e superação das adversidades é um testemunho inspirador da capacidade humana de enfrentar obstáculos e encontrar o sucesso.”
Nesta exposição, conta a artista, “tentei captar essas histórias em imagens, particularmente as de mulheres – as mulheres que dançam com graça e liberdade, as rainhas que governam com sabedoria e força, e as mães que dão vida e amor incondicional.”
Cada obra, entre as 13 presentes, representa uma imagem dos contos da sua avó, uma janela para o seu mundo, o poder e a beleza das mulheres. A mostra encerra-se no domingo, mas abre uma série de projectos para 2024. Por exemplo, a artista prepara-se para uma exposição colectiva no Museu Diocesano de Milão e Capitólio de Terni, na Itália, para além de duas exposições individuais em outros museus da Costa Rica. Um deles é o Museu Municipal de Cartago, património que constitui parte da memória histórica da Costa Rica.
FAUZIYA FLIEGE: ARTISTA COLOCA MULHER NO CENTRO DAS SUAS CRIAÇÕES
Fauziya Fliege (38 anos) é artista e activista moçambicana. Natural de Chimoio, Manica, está radicada na Costa Rica desde 2019. É uma mulher do mundo, com passagens por Malawi, Angola, Alemanha e Tanzânia, graças aos trabalhos de diplomacia do seu marido. Nestes lugares, Fliege conheceu vários artistas e frequentou várias exposições, onde tenciona levar à sua arte brevemente.
É fluente em português, inglês, alemão e espanhol. Para além de artista, é membro da Associação Diplomática de Ajuda à Costa Rica e, nos tempos livres, é praticante de boxe.
Dedica-se às artes plásticas desde 2021, mas desde criança, inspirada pelo pai, treina a pintura e o desenho.
Em 2022, doou duas telas à Associação Diplomática de Ajuda à Costa Rica, durante um evento beneficente em que conseguiu vendê-las e tem uma pintura intitulada “A paz”, que está fixada junto à bandeira da Colômbia, na residência do embaixador, na Costa Rica.
Fliege já participou de várias exposições colectivas em vários lugares da Costa Rica. Tal como nesta exposição, tem maior paixão por pintar mulheres, sobretudo as corajosas, fortes, lindas, trabalhadoras e sensuais, mas também mulheres tristes e sofridas. Ainda que invista em arte figurativa, a artista também se aventura pelo abstracto através da técnica acrílica, a óleo e mista.
Fonte:O País