Crianças parlamentares insistem no fim dos maus-tratos e da negligência

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Foto de Januário Simango (INAS) Os deputados de palmo e meio recordaram ao Governo, na terça-feira (15), na Assembleia da República (AR), que em Moçambique ainda há muitas crianças deficientes, órfãs e vulneráveis sujeitas às piores formas de maus-tratos e exploração infantil, bem como a casamentos prematuros, mas não têm merecido a atenção e cuidados necessários, por isso, não podem sonhar com uma vida condigna.

Dorico Pedro José, que no primeiro dia da VI Sessão do Parlamento Infantil cessou funções como presidente deste órgão, socorreu-se do lema do evento – “Só Seremos o Futuro do Amanhã, Se nos Deixarem Sonhar” – para lembrar aos mais velhos que “sonhar faz toda a diferença” para um petiz, ao qual se exige que amanhã seja um adulto íntegro e vertical, sobretudo numa sociedade que parece cada vez mais conflituosa.

Jamisse Taimo, representante da sociedade civil centrou o seu discurso no que chamou de “a beleza da diferença”, ou seja, “diferentes somos bonitos”.

Desta forma, ele quis chamar a atenção das crianças para que saibam lidar com as diferenças no sentido de evitar repulsa em relação aos outros seres humanos. “A diferença faz com que eu respeite o outro (…)”.

“Tenho notado que muitas pessoas não se toleram entre si. Um não aguenta a diferença do outro (…)”. Porém, “o diferente nos faz belos” e o “belo nos faz diferentes”.

Que soluções para os problemas que afectam as crianças?

Retomando o discurso sobre a necessidade se de criar condições efectivas para que as crianças vivam num mundo onde possam realizar os seus sonhos, MarcoLuigi Corsi, representante do Fundo das Nações Unidas para Infância (UNICEF), disse que a garantia desse desiderato pode assegurar o gozo de “deveres e direitos cívicos”.

Foto de Januário Simango (INAS)Segundo a fonte, a VI Sessão do Parlamento Infantil e outros espaços similares deve servir para se saber do Governo “como pretende melhorar as condições para que cada criança viva, cresça e sonhe”.

Na óptica de MarcoLuigi Corsi, a redução do investimento na educação e saúde das crianças tem um “impacto devastador e causa danos irreversíveis”.

Neste contexto, o país não pode, por exemplo, “correr o risco de ter gerações irremediavelmente afectadas” ou ameaçadas pelo aumento do HIV, em particular nas raparigas, devido ao início precoce da actividade sexual, disse Corsi.

Aliás, na educação, apenas um em cada quatro petizes do primeiro ciclo do ensino primário consegue ler frases simples. “O que podemos fazer em conjunto para mudar esta situação”, questionou o funcionário do UNICEF. Cidália Chaúque, ministra do Género, Criança e Acção Social, disse esperar que os parlamentares de palmo e meio deixem contribuições que sugiram o que se deve melhorar no sentido de os petizes crescerem num ambiente são e harmonioso.

Combater os casamentos prematuros

Por sua vez, Verónica Macamo, presidente da AR, pediu aos petizes para que “digam não ao casamento prematuro e à gravidez precoce, porque isso prejudica o vosso saudável crescimento e limita a vossa felicidade futura”.

Na sua perspectiva, o lema escolhido serve para chamar a atenção de todos sobre a responsabilidade de garantir a protecção das crianças e o Parlamento, em particular, age nesse sentido aprovando a legislação que promove o bem-estar desta camada social.

Participam na VI Sessão do Parlamento Infantil 114 deputados de palmo e meio, dos quais 64 meninas e 50 rapazes, oriundos de todas as províncias do país.

Juntam-se ao grupo, na qualidade de convidados da cidade e província de Maputo, outros 136 petizes de escolas primárias, secundárias e centros de atendimento à criança em situação difícil.

@Verdade – Democracia

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