Venezuela vive sob signo de greve pelo segundo dia consecutivo

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A Venezuela entra no segundo dia de greve geral, de 48 horas, com o registo de pelo menos dois mortos, quatro feridos e 50 pessoas detidas na quarta-feira, primeiro dia da paralisação convocada pela oposição, anunciou hoje a organização não-governamental Foro Penal Venezuelano (FPV).

De acordo com a agência de notícias Efe, há pelo menos quatro feridos em resultado dos confrontos, nas ruas, entre os manifestantes e a Polícia.

Um adolescente de 16 anos morreu na quarta-feira em Caracas, numa manifestação contra a eleição da Assembleia Constituinte, anunciou o Ministério Público venezuelano.

O adolescente, cuja identidade não foi divulgada, é a segunda vítima mortal registada no primeiro dia da greve geral, lançada para tentar bloquear a eleição, no domingo, dos membros da Assembleia Constituinte, através da qual o Presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, pretende alterar a Constituição.

Estas mortes elevam a 105 o número de vítimas mortais desde o começo das manifestações anti-Maduro, no início de Abril.

“Aparentemente, o adolescente foi ferido durante uma manifestação em Pentare”, um bairro popular no leste da capital venezuelana, indicou o Ministério Público.

Antes, o Ministério Público tinha confirmado a morte de um homem de 30 anos, Rafael Vergara, atingido a tiro “numa situação irregular” entre manifestantes e militares no estado de Mérida.

A greve continua durante o dia de hoje e para sexta-feira está prevista uma grande manifestação.

As forças de segurança bloquearam várias ruas de Caracas, principalmente no sudeste e leste da cidade, bastiões tradicionais da oposição.

Barreiras bloqueavam diversas estradas e acessos a Caracas, onde os confrontos se registaram ao longo de todo o dia, tal como em vários pontos do país.

A Mesa de Unidade Democrática (MUD), coligação da oposição, tinha já convocado uma greve geral de 24 horas na passada semana, organizada após cerca de quatro meses de manifestações quase diárias contra Maduro.

Os “anti-chavistas”, referência a Hugo Chavez, presidente do país de 1999 até à morte em 2013, vêem neste projecto de alteração da Constituição um meio para o Presidente socialista se manter no poder, contornar o parlamento eleito, dominado pela oposição, e evitar as presidenciais no final de 2018.

A oposição contesta ainda as modalidades do escrutínio de domingo para a Assembleia Constituinte.

MAIOR ERRO FOI SUBESTIMAR MALDADE DA OPOSIÇÃO

Entretanto, o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse que o seu maior erro na crise em que o país vive foi ter “subestimado a capacidade de prejudicar, a maldade” da oposição, numa entrevista ao canal russo RT.

“Subestimar a oposição, a sua capacidade de prejudicar, a sua maldade, a sua capacidade de violência, talvez tenha sido o pior erro que cometemos”, declarou na entrevista, divulgada na noite de quarta-feira, a partir do Palácio de Miraflores.

O chefe de Estado venezuelano sublinhou que o actual momento que se vive no seu país se deve ao facto de “não haver uma oposição democrática”, já que está a fazer exigências razoáveis dentro do marco da Constituição.

“Eu procurei, em Maio, durante três semanas e meia, manter um diálogo directo com a oposição, para que se incorporasse na Assembleia Constituinte (AC) e esta recusou. E, desde então, o que a oposição tem feito é retroceder, ir ao extremismo de direita, caindo nas estratégias locais de violência”, disse.

Maduro acusou os meios de comunicação opositores e “hegemónicos” de terem “vendido ao mundo a imagem de uma Venezuela que não existe”.

Fonte:http://www.jornalnoticias.co.mz/index.php/internacional/69856-venezuela-vive-sob-signo-de-greve-pelo-segundo-dia-consecutivo.html

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