Investimentos multibilionários são necessários para suportar a Transição Energética – Global Energy Perspective 2024

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O Global Energy Perspective 2024, publicado pela McKinsey, traz uma visão aprofundada sobre o futuro da energia global, destacando três cenários principais que poderão moldar o sector energético até 2050. O relatório apresenta as tendências, desafios e oportunidades que a transição energética enfrenta, sobretudo em um contexto de crescente demanda energética e a urgência de mitigar os efeitos das mudanças climáticas.

O crescimento da demanda energética global

De acordo com o relatório, a demanda global por energia deverá continuar a crescer até 2050, com países em desenvolvimento e economias emergentes a liderar esse aumento. A urbanização acelerada e o aumento do poder de compra nas regiões emergentes impulsionarão o consumo de energia, colocando pressão sobre o sistema energético global para se expandir e atender a essas necessidades de forma sustentável. No entanto, essa crescente demanda precisa ser atendida com soluções que não comprometam os esforços globais de descarbonização.

Os cenários delineados pela McKinsey apontam diferentes futuros possíveis, considerando variáveis como o ritmo da adopção de tecnologias de energia limpa, o investimento em infraestrutura e a resposta dos governos e empresas às metas de sustentabilidade.

Cenário 1: Transformação Sustentável

Neste cenário, a transição energética avança rapidamente graças à cooperação internacional robusta, políticas ambientais mais rígidas e avanços tecnológicos. A energia renovável, como a solar e eólica, torna-se a principal fonte de electricidade, substituindo de maneira acelerada os combustíveis fósseis. O relatório estima que as emissões globais de carbono podem ser reduzidas a níveis que limitariam o aumento da temperatura global a 1,8°C até 2050, alinhando-se com as metas do Acordo de Paris. No entanto, para que isso se concretize, será necessária uma mobilização massiva de capital e inovação tecnológica em escala sem precedentes.

Além disso, o cenário pressupõe que setores de difícil descarbonização, como a indústria pesada e o transporte marítimo e aéreo, consigam superar barreiras tecnológicas por meio de soluções inovadoras, como o uso de hidrogénio verde e a captura de carbono. Ainda assim, esse cenário requer uma mudança significativa nos hábitos de consumo de energia, especialmente nos países desenvolvidos.

Cenário 2: Continuação do Impulso

Neste segundo cenário, a transição energética prossegue, mas em um ritmo moderado e desigual. As energias renováveis continuam a crescer, mas a dependência de combustíveis fósseis persiste em regiões onde os custos de transição são mais elevados. As emissões globais são reduzidas, mas não de maneira suficiente para conter o aumento da temperatura global abaixo de 2,2°C até 2050. 

Esse cenário reflecte uma realidade onde as políticas energéticas se mantêm equilibradas entre a necessidade de sustentabilidade e as preocupações com a segurança energética e a acessibilidade. Países com grandes economias dependentes de combustíveis fósseis enfrentariam dificuldades em acelerar a transição, enquanto economias emergentes buscariam expandir seu crescimento econômico com o uso contínuo de recursos energéticos tradicionais.

Cenário 3: Evolução Lenta

O cenário mais conservador prevê um avanço lento da transição energética. Aqui, a prioridade recai sobre a segurança energética e a acessibilidade, em detrimento da sustentabilidade. A dependência de combustíveis fósseis permanece alta, com uma transição gradual para fontes renováveis que não consegue acompanhar o ritmo necessário para mitigar as mudanças climáticas. As emissões de carbono aumentam, e a temperatura global pode subir até 2,6°C ou mais até 2050, ultrapassando as metas estabelecidas pelo Acordo de Paris.

Neste cenário, as políticas ambientais são fragmentadas, e a falta de cooperação global impede o progresso em escala. O crescimento das energias renováveis é limitado a regiões e sectores específicos, enquanto o investimento em tecnologias de descarbonização, como a captura e armazenamento de carbono, não se materializa na escala necessária.

Principais desafios na Transição Energética

Independentemente do cenário, o relatório ressalta que um dos maiores desafios será equilibrar a crescente demanda por energia com a necessidade de reduzir drasticamente as emissões de carbono. Sectores como o transporte pesado, aviação e indústria pesada continuam a ser difíceis de descarbonizar, e a dependência de combustíveis fósseis nessas áreas pode retardar o progresso da transição energética.

Além disso, a infraestrutura global precisará ser significativamente ampliada e modernizada para suportar a integração de fontes renováveis e tecnologias de baixo carbono. Redes eléctricas mais resilientes e uma maior capacidade de armazenamento de energia serão essenciais para garantir a estabilidade e a confiabilidade do sistema energético no futuro. O investimento nesses sectores é crucial para que a transição energética seja bem-sucedida.

Oportunidades para Investimento e Inovação

Apesar dos desafios, o Global Energy Perspective 2024 também identifica oportunidades significativas para crescimento e inovação. A aceleração da electrificação e a expansão de energias renováveis oferecem um caminho promissor para a redução de emissões. Tecnologias emergentes, como o hidrogénio verde e a captura de carbono, poderão desempenhar um papel essencial na descarbonização de sectores industriais e no armazenamento de energia de longa duração.

Além disso, a digitalização do sector energético permitirá maior eficiência no consumo e na gestão de redes elétricas, facilitando a integração de fontes renováveis e o uso optimizado de recursos. Governos e empresas que investirem cedo em tecnologias limpas e infraestrutura estarão em posição vantajosa para liderar a próxima fase da transição energética global.

Fonte: O Económico

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