Multilateralismo e Transformação Global: Cimeira da ONU discutiu futuro da economia mundial

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Na última semana, Nova Iorque acolheu a Cimeira das Nações Unidas para o Futuro, onde líderes mundiais se reuniram para debater os desafios e as oportunidades que moldarão o sistema económico global nas próximas décadas. O evento, presidido pelo Secretário-Geral António Guterres e pelo Primeiro-Ministro do Nepal, K P Sharma Oli, focou-se na necessidade urgente de fortalecer o multilateralismo para enfrentar um cenário económico global em transformação.

Num discurso impactante, a Directora-Geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, destacou a resiliência do sistema económico internacional perante uma série de crises que marcaram os últimos anos, como a pandemia da COVID-19 e a inflação subsequente. Embora a economia global tenha resistido a essas perturbações, o crescimento projectado para os próximos cinco anos permanece aquém do desejado, situando-se em torno dos 3% anuais — quase um ponto percentual abaixo das décadas que antecederam a pandemia. 

Crise nos Países de Baixa Renda

A situação revela-se ainda mais grave para os países de baixa renda, cujos índices de crescimento continuam 7,5% abaixo da trajectória anterior à pandemia. Estes países enfrentam um cenário de endividamento crescente, ameaçando um ciclo de baixo crescimento económico e elevada dívida. A combinação desses factores coloca milhões de pessoas em risco de pobreza e vulnerabilidade económica, agravando as desigualdades globais.

“Estamos a observar uma pressão crescente sobre os países de baixa renda, onde o crescimento económico estagnou e as dívidas continuam a acumular-se. Se não agirmos agora, arriscamo-nos a cair numa armadilha de crescimento baixo com elevados níveis de endividamento,” alertou, Kristalina Georgieva, numa das intervenções mais contundentes do encontro.

Inovação Verde: Uma janela de oportunidade

Apesar do panorama preocupante, o evento destacou as oportunidades trazidas pela inovação tecnológica e pelas políticas de crescimento verde. O uso crescente de tecnologias avançadas, como a inteligência artificial, foi identificado como um dos principais motores de produtividade futura. De acordo com o FMI, a adopção eficaz da inteligência artificial poderá acrescentar até 0,8 pontos percentuais ao crescimento económico global, se implementada de forma correcta.

“A transformação verde e a mudança tecnológica são oportunidades que não podemos desperdiçar. A nossa missão agora é garantir que essas tecnologias sejam usadas para gerar crescimento inclusivo, criando empregos e alavancando a produtividade,” afirmou o responsável do FMI.

Apelo ao multilateralismo

Durante a cimeira, foi também enfatizada a necessidade de fortalecer a cooperação internacional. O aumento da fragmentação política e económica, tanto em termos regionais como globais, exige uma resposta coordenada para lidar com as crises sociais, económicas e ambientais. A Directora-Geral apelou aos países membros para resistirem à tentação do proteccionismo e adoptarem políticas que fomentem a colaboração global.

O FMI, por seu lado, comprometeu-se a continuar a apoiar os países com a implementação de políticas macroeconómicas robustas e com o aumento de recursos financeiros para os mais vulneráveis. Nas últimas intervenções, foi mencionado o esforço da instituição em acelerar a reestruturação das dívidas e melhorar a representatividade dos países africanos no seu conselho executivo.

A Cimeira das Nações Unidas para o Futuro serviu como um momento importante para reafirmar a importância do multilateralismo num mundo cada vez mais fragmentado. Num contexto económico global caracterizado por incertezas e desafios sem precedentes, o evento sublinhou a necessidade de cooperação, inovação e políticas inclusivas para garantir um futuro mais sustentável e equitativo para todos os países, sobretudo para os mais vulneráveis.

A cimeira destacou não só os desafios imediatos, mas também as oportunidades de reestruturar a economia global de forma mais justa e sustentável, assente em inovações tecnológicas e no crescimento verde. O apelo final foi claro: o futuro dependerá das escolhas que se fizerem agora.

Fonte: O Económico

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