Da Galiza para o Benfica: a história de Alvarito

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A BOLA foi conhecer o passado de Álvaro Carreras e encontrou histórias de um jogador de futebol prometedor, de um aluno excelente e de um tenista campeão

Álvaro Carreras nasceu em Maiorca, como Rafael Nadal, pois o pai é polícia e estava ali destacado em março de 2003, mas rapidamente regressou a Ferrol, onde passou a infância e parte da adolescência. Com Francisco, o irmão mais velho, de 25 anos, jogou muitas vezes na Plaza de Amboage, depois das aulas, e também no Racing Ferrol, embora em diferentes escalões.

Alvarito, como era tratado em família, era apenas um miúdo, mas já tinha as suas responsabilidades e na escola saía-se muito bem. No ténis, melhor ainda. Com menos de 10 anos já era campeão de ténis da Galiza, o seu professor aconselhava-o, inclusivamente, a deixar o futebol. Não foi, todavia, obrigado a tomar decisões, pois tinha tantos jogos pelo Ferrol, tantos torneios em que participar, que acabou por deixar de ter tempo para seguir os passos de Rafael Nadal.

No Ferrol, aliás, era um craque, o orgulho da família, do pai, que também ama o futebol, do irmão mais velho, que trata por Fran, da irmã mais nova, Paula, mas, sobretudo, da mãe. Paula, também. Uma vez, a mãe disse-lhe que teria direito a umas chuteiras novinhas em folha se fizesse três golos no jogo. Ao intervalo já tinha apontado os três golos.

Relatos de 140 golos numa só temporada de futebol de 7 podem deixar-nos de boca aberta, mas na Galiza ninguém estranhava. Era quase sempre o melhor jogador da equipa e jogava na linha, mais à frente, utilizando os dois pés. Atirava com igual sucesso com o esquerdo e o direito e os treinadores, Javi e Julian, amigos da família, incentivavam-no. Julian oferecia-lhe chupa-chupas sempre que marcava com o pé direito.

Entre os 8 e os 9 anos deu o primeiro pulo da carreira: do Racing Ferrol para o Corunha, com passagem sem relevo pelo modesto Galiza de Caranza. Apenas uns meses. Na Corunha manteve a proximidade da família, viajando todos os dias de carrinha entre casa e clube, mas dormindo sempre em Ferrol. Era viagem de meia-hora para cada lado. Manteve também a importância, o relevo na equipa, apesar da subida de grau de exigência. Torneios de grande importância, muitos em Portugal, revelavam que aquele miúdo educado, sem ponta de sarilhos, bom aluno, estava também preparado para ser alguém no futebol.

O Real Madrid viu-o em ação num torneio de prestígio, em Miranda de Ebro, foi eleito o melhor jogador e logo foi contratado, com outros grandes, como o Barcelona, a olhar para ele. Como é que se diz não ao Real Madrid? Precisamente. Resposta positiva, mas a família a sofrer com a ideia de que iria deixar de ter perto o seu Álvarito. Tinha 13/14 anos quando foi viver para a residência reservada aos jovens da cantera, em Valdebebas, a cinco horas de Ferrol.

A família arrancava às sextas-feiras, de carro, em direção à capital espanhola, e voltava aos domingos. Era possível vê-lo com frequência, acompanhar os seus jogos, matar saudades, mas para a mãe continuava a ser um sofrimento saber que o filho estava aos cuidados do Real Madrid e não aos seus.

Deu-se bem na primeira temporada em Madrid, na segunda nem por isso, depois voltou ao habitual e em 2012/21 foi aconselhado a aceitar a possibilidade de representar o Man. United, para desenvolver-se e poder jogar na Premier League. Era mais um gigante, mas ainda mais longe de casa.

Em Manchester, Inglaterra, reforçaria então o United, onde e encontraria, entre outras estrelas, Cristiano Ronaldo. Com a pandemia de Covid-19, só por duas vezes teve oportunidade de estar com pais e irmãos. Vivia com uma família de acolhimento. A principal dificuldade foi a língua. Apesar de ter aprendido inglês em Espanha, apesar de ter frequentado o colégio inglês, não era a mesma coisa. Mas rapidamente queimou essa etapa e em três meses já falava fluentemente. O United tinha planos para ele, não poderia esperar. Sub-17 na primeira temporada, sub-23 na segunda e na terceira. Acabaria por ser emprestado ao Preston, do Championship, sinal de confiança do United, que lhe reconhecia qualidades para escalar.

Em 2023/24, escalou um pouco mais e entrou na liga espanhola com a camisola do Granada, por empréstimo. Não esteve, no entanto, mais do que seis meses em Espanha, pois entrou então em campo o Benfica, que seguia o jogador desde os tempos do Real Madrid, e o agente de Álvaro Carreras, um homem influente no seu meio: Ginés Carvajal já tinha uma relação com os encarnados e com o futebol português e esteve, por exemplo, envolvido na viagem de Raul de Tomas entre Madrid e a Luz. Em Lisboa, Álvarito já é só Álvaro Carreras e a assinatura de contrato com o Benfica até 2029 foi recebida com muita felicidade pelo jogador de 21 anos e sua família.

Fonte: A Bola

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