Dólar recupera-se à medida que traders reavaliam corte de taxas do Federal Reserve

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Após quatro dias consecutivos de queda face ao yen, o dólar norte-americano começou a recuperar terreno no início desta semana. A inversão na tendência de declínio do dólar deve-se à expectativa dos investidores em relação aos próximos dados de inflação dos Estados Unidos, que podem ter um impacto decisivo sobre a futura política monetária do Federal Reserve (Fed).

Os dados de emprego nos EUA, divulgados na sexta-feira passada, apresentaram resultados mistos, deixando os traders em dúvida sobre o tamanho do corte de taxas que o Fed poderá aplicar na sua próxima reunião de política monetária, marcada para 17 e 18 de Setembro. Embora o mercado laboral mostre sinais de abrandamento, com um crescimento mais lento no número de postos de trabalho, a taxa de desemprego caiu, e o crescimento salarial manteve-se forte, indicando uma economia que ainda não está em desaceleração acentuada.

O dólar subiu cerca de 0,37% em relação a uma cesta de moedas, alcançando 101,56 pontos, uma recuperação que reflecte o reajuste das expectativas de cortes nas taxas de juro. Anteriormente, os traders estavam a precificar uma probabilidade significativa de um corte de 50 pontos-base, mas agora esse cenário parece menos provável, com um corte de 25 pontos-base a ser visto como o desfecho mais plausível

“O alívio inicial do dólar foi motivado pela redução das expectativas de um grande corte de 50 pontos-base na taxa de juros na próxima reunião do Fed.”

Além disso, o dólar norte-americano está a beneficiar de uma maior aversão ao risco nos mercados financeiros, com os investidores a preferirem a segurança da moeda de reserva global face às incertezas sobre o crescimento económico mundial.

Impacto nas principais moedas globais

Em relação ao yen, o dólar subiu 0,7%, depois de quatro dias consecutivos de perdas. O yen, que havia atingido uma alta de um mês na semana passada, recuou para 143,35 por dólar. Já o euro caiu 0,3%, situando-se em 1,1048 dólares, enquanto a libra esterlina caiu para uma mínima de mais de duas semanas, cotando-se a 1,3083 dólares.

O foco dos traders está agora nos próximos dados de inflação dos EUA, previstos para serem divulgados na quarta-feira, e na decisão do Banco Central Europeu (BCE), agendada para quinta-feira. A reunião do BCE deverá esclarecer o rumo da política monetária na Zona Euro, com os mercados a anteciparem um possível corte de 25 pontos-base nas taxas de juro, levando a taxa para 3,5%. Espera-se que o BCE continue a reduzir gradualmente as suas taxas de juro nas próximas reuniões, com cortes adicionais de 25 pontos-base em cada trimestre, dependendo dos dados económicos.

Mohit Kumar, economista-chefe para a Europa na Jefferies, afirmou, em declarações a agência Reutes que “o caminho do BCE está mais claro do que o do Fed, que já iniciou o seu ciclo de cortes de taxas de juro”, sugerindo que o BCE seguirá um ritmo mais gradual de redução das taxas de juro, dependendo das condições económicas na Zona Euro.

Yuan e outras moedas asiáticas

Na China, o yuan offshore caiu 0,4%, situando-se em 7,1215 por dólar, em resposta às preocupações com a deflação e à fraca recuperação económica. Embora os dados sobre os preços ao consumidor tenham mostrado uma aceleração em agosto, os preços ao produtor continuam a sofrer deflação, reacendendo os pedidos por mais estímulos económicos por parte do governo chinês.

Em outros lugares, o dólar neozelandês também registou uma queda de 0,6%, alcançando uma mínima de duas semanas de 0,6136 dólares, reflectindo a aversão ao risco nos mercados globais.

Expectativas de Política Monetária Global

Com os dados económicos a continuarem a ser divulgados, os mercados financeiros permanecem cautelosos quanto ao futuro das políticas monetárias. O Fed, embora tenha sinalizado a possibilidade de iniciar uma série de cortes nas taxas de juro, mantém uma abordagem de espera, avaliando se o abrandamento do mercado de trabalho justifica cortes mais acentuados. A reunião de setembro será crucial para os mercados, que aguardam com expectativa a decisão do banco central dos EUA.

Já na Europa, o BCE parece seguir um caminho mais definido, com um ciclo de cortes graduais nas taxas de juro à medida que procura equilibrar a inflação e o crescimento económico. A desaceleração da economia chinesa também é um factor importante que pode influenciar a política monetária global, especialmente se o governo chinês decidir implementar novos estímulos para impulsionar a sua economia.

Fonte: O Económico

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