Economia dos EUA: Sinais de pouso suave em meio à desaceleração no crescimento de empregos

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Em meio a um cenário global de incertezas e instabilidades nos mercados, a Secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, manifestou optimismo ao abordar o estado actual da economia do país. Durante a sua intervenção no Texas Tribune Festival, realizado em Austin no último sábado, Yellen argumentou que a economia americana permanece robusta, apesar de dados recentes que revelam uma desaceleração no crescimento do emprego.

Yellen destacou que a redução no ritmo de contratações, observada nos últimos meses, não é indicativa de uma recessão iminente, mas sim de um processo de ajuste esperado, após um período de expansão acelerada, sobretudo no período de reabertura pós-pandemia. Nas suas palavras: “Estamos a observar uma redução no frenesim de contratações e vagas de emprego, mas isso não significa que estamos a enfrentar despedimentos em massa. O cenário actual sugere um mercado de trabalho mais equilibrado e sustentável.”

Desaceleração no crescimento de empregos: Ajuste necessário ou sinal de alerta?

O Bureau of Labor Statistics (BLS) divulgou na sexta-feira, 06/09, dados que indicam a criação de 142.000 novos empregos não agrícolas (nonfarm payrolls) em Agosto, número inferior à previsão de 161.000 estabelecida pelo Dow Jones. Esta desaceleração, que ocorre após vários meses de robusta recuperação no mercado de trabalho, reacendeu preocupações sobre a possibilidade de uma recessão e impactou o desempenho do mercado de acções, com o S&P 500 a registar a sua pior semana desde Março de 2023.

Contudo, Yellen minimizou as preocupações, enfatizando que a economia dos EUA está “profundamente em recuperação” e “a operar em condições de pleno emprego”. A taxa de desemprego, que caiu para 4,2%, também reflecte um mercado de trabalho ainda sólido, embora num ritmo menos acelerado.

A aterragem suave e a estratégia do Federal Reserve

Um dos principais desafios enfrentados pela política económica dos EUA é garantir uma “aterragem suave” – um processo em que o Federal Reserve (Fed) eleva as taxas de juro para combater a inflação sem causar uma recessão severa. Este ajuste delicado tem sido amplamente debatido, especialmente à luz dos dados mais recentes sobre o emprego.

Yellen expressou confiança na capacidade do Fed em gerir esse equilíbrio, afirmando que os Estados Unidos estão no caminho certo para alcançar esse objectivo: “Reduzimos a inflação de maneira substancial, sem prejudicar o mercado de trabalho de forma significativa. É isso que muitas pessoas considerariam uma aterragem suave.”

Apesar das pressões inflacionárias persistentes, Yellen destacou que o controlo da inflação foi “impressionante”, especialmente dado o contexto global, no qual muitas economias têm lutado para equilibrar a contenção da inflação e a manutenção do crescimento. O mercado financeiro, entretanto, permanece cauteloso, aguardando as próximas movimentações do Fed, com uma expectativa generalizada de que as taxas de juro sejam reduzidas ainda este mês.

Perspectivas: Optimismo cauteloso

Os comentários de Yellen reflectem uma abordagem optimista, mas cautelosa, diante dos desafios enfrentados pela maior economia do mundo. Embora os dados recentes possam indicar uma desaceleração, a Secretária do Tesouro argumenta que esse é um movimento natural, à medida que o mercado de trabalho se estabiliza após o período de expansão acelerada no pós-pandemia.

O foco de Yellen e do Federal Reserve, a partir de agora, estará na manutenção desse equilíbrio frágil: assegurar que as medidas de controlo inflacionário não desencadeiem uma recessão prolongada, ao mesmo tempo que garantam que o mercado de trabalho permaneça estável.

O que se pode depreender é que, embora os indicadores económicos mais recentes tenham gerado apreensão nos mercados, Yellen acredita que os Estados Unidos estão bem posicionados para superar esses desafios sem maiores danos à economia. Como afirmou durante o evento em Austin: “Não vejo luzes vermelhas a piscar. A economia está sólida, e estamos no caminho certo para manter o crescimento com estabilidade.”

Fonte: O Económico

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