Crédito à economia atinge valor máximo em Julho de 2024

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O crédito à economia moçambicana registou um crescimento pelo terceiro mês consecutivo em Julho de 2024, alcançando o valor mais elevado do ano, com 247.716 milhões de meticais, segundo dados divulgados pelo Banco de Moçambique. Este desempenho representa um aumento de 1% em relação a Junho, quando o volume de crédito concedido pela banca se situou nos 245.357 milhões de meticais. O crescimento contínuo do crédito reflecte a retoma gradual de diversos sectores da economia, impulsionada por políticas monetárias de incentivo ao financiamento.

O crédito a particulares manteve-se como o segmento mais dinâmico, atingindo 94.598 milhões de meticais, o valor mais alto registado em pelo menos um ano. Este aumento tem sido sustentado por uma maior confiança dos consumidores, que estão a recorrer a financiamento para consumo e investimento pessoal, refletindo um ambiente económico mais estável em comparação com o início do ano. Outros sectores da economia também apresentaram desempenhos relevantes, embora com variações. A indústria transformadora aumentou o crédito para 25.272 milhões de meticais, enquanto o sector do comércio atingiu 24.604 milhões de meticais. Por outro lado, o sector dos transportes e comunicações registou uma ligeira queda no crédito concedido, situando-se nos 26.055 milhões de meticais.

Apesar do aumento do crédito, os custos de financiamento continuam elevados. A taxa de juro de referência para as operações de crédito, conhecida como “prime rate”, manteve-se em 21,2% em Julho, pelo segundo mês consecutivo. Esta decisão, tomada pela Associação Moçambicana de Bancos (AMB), visa controlar os níveis de inflação e garantir a estabilidade do sistema financeiro. Desde o início de 2024, a “prime rate” tem vindo a ser ajustada de forma gradual, tendo descido de 24,1% em Julho do ano passado para o valor actual.

A estabilização da “prime rate” está directamente ligada à redução da taxa MIMO (taxa de juro de política monetária), que foi ajustada pelo Banco de Moçambique de 15% para 14,25% no final de Julho. Esta medida visa facilitar o acesso ao crédito e fomentar a actividade económica, num cenário em que a inflação se mantém dentro dos limites previstos, em um dígito, no médio prazo.

Efectivamente, o aumento do crédito à economia é um sinal positivo de recuperação económica, particularmente após um período de incertezas relacionadas com a inflação e com as pressões externas sobre o sistema financeiro. No entanto, o elevado custo do crédito ainda constitui um desafio para muitas empresas, especialmente no que toca ao financiamento de médio e longo prazo. A concessão de crédito a particulares sugere um aumento da procura por bens de consumo e serviços, o que pode dinamizar o comércio interno e estimular sectores como o imobiliário e o retalho. Contudo, a queda no crédito ao sector dos transportes e comunicações levanta questões sobre os desafios estruturais que continuam a afectar este segmento, essencial para a conectividade e o desenvolvimento económico de Moçambique.

A continuidade das políticas de incentivo ao crédito, aliada a uma gestão prudente da política monetária, tida como fundamental para o crescimento sustentado da economia moçambicana. Nessa perspectiva, quer o Banco de Moçambique, quer a AMB enfrentam o desafio de equilibrar a necessidade de fomentar o crédito, ao mesmo tempo que controlam a inflação e evitam o sobre-endividamento de particulares e empresas. Com a expectativa de que a inflação se mantenha sob controlo, é possível que se verifiquem novos ajustes na “prime rate”, o que poderá reduzir ainda mais os custos do crédito e estimular investimentos em sectores estratégicos. No entanto, a evolução das taxas de juro estará fortemente dependente das condições macroeconómicas, tanto a nível interno quanto externo, e das medidas que o Banco de Moçambique venha a adoptar nos próximos meses.

O Boletim revela ainda que as taxas de juro sobre operações activas e passivas permanecem elevadas, com variações entre diferentes maturidades. Por exemplo, as operações com maturidades de sete dias registaram taxas médias nominais de 26,03% em Julho, enquanto os empréstimos com prazo superior a dois anos mantiveram taxas de 23,37%. Estes dados indicam que, apesar da redução na taxa MIMO, o custo de financiamento continua elevado em diversos segmentos.

O Boletim Estatístico de Julho de 2024 demonstra que a economia moçambicana está a trilhar um caminho de recuperação, embora com desafios pela frente. A estabilidade nas taxas de juro e o crescimento do crédito à economia são sinais positivos, mas a manutenção de elevados custos de financiamento pode limitar o crescimento de alguns sectores. Com as políticas monetárias do Banco de Moçambique focadas na redução gradual das taxas de juro, espera-se que a economia continue a beneficiar de um maior acesso ao crédito, especialmente nos sectores produtivos. No entanto, a evolução do cenário económico estará dependente da capacidade do país em lidar com pressões inflacionárias e com a volatilidade dos mercados internacionais.

Fonte: O Económico

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