Crescimento recorde oculta desafios persistentes no sector bancário moçambicano

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A despeito do impressionante crescimento nos lucros há desafios subjacentes que o sector ainda precisa enfrentar, que exigem estratégias adequadas para garantir a resiliência e a sustentabilidade do sector bancário moçambicano.

Com efeito, o sector bancário moçambicano demonstrou um desempenho robusto no primeiro semestre de 2024, com os cinco maiores bancos do País a registar um crescimento impressionante de 95% nos seus lucros em comparação com o mesmo período do ano anterior. Este aumento substancial resultou em um lucro total de 12.433 milhões de meticais (cerca de 194 milhões de dólares).

 

Liderança do Standard Bank

O Standard Bank, , liderou o grupo, reportando um lucro de 3.936 milhões de meticais (aproximadamente 61 milhões de dólares) no primeiro semestre de 2024. Esse resultado representa um crescimento modesto, porém estável, de 3% em relação aos 3.819 milhões de meticais (cerca de 59 milhões de dólares) registrados no mesmo período de 2023. Fundado em 1967 e operando sob o grupo sul-africano Standard Bank Group, o banco continua a consolidar sua posição no mercado moçambicano.

 

BCI apresenta forte crescimento

O Banco Comercial e de Investimentos (BCI) também se destacou, com um crescimento significativo de 28% nos lucros, atingindo 3.549 milhões de meticais (cerca de 55 milhões de dólares). No primeiro semestre de 2023, o BCI havia registrado 2.772 milhões de meticais (aproximadamente 43 milhões de dólares). Esse salto reflecte as estratégias de expansão e fortalecimento do banco, que é maioritariamente controlado pela Caixa Geral de Depósitos de Portugal.

 

Desafios para o Millennium BIM

Contrariando a tendência de crescimento, o Millennium BIM, o segundo maior banco do País, apresentou uma ligeira queda em seus lucros, com uma redução de 4% em relação ao ano anterior. O banco registrou 3.225 milhões de meticais (aproximadamente 50 milhões de dólares) em lucros no primeiro semestre de 2024, em comparação com os 3.360 milhões de meticais (cerca de 52 milhões de dólares) de 2023. O Millennium BIM é liderado pelo grupo português BCP, que continua a enfrentar desafios no competitivo mercado financeiro moçambicano.

 

Absa Bank duplica lucros

O Absa Bank Moçambique teve um desempenho excepcional, mais do que duplicando seus lucros no primeiro semestre de 2024, alcançando 1.712 milhões de meticais (cerca de 27 milhões de dólares), em comparação com os 856 milhões de meticais (aproximadamente 13 milhões de dólares) registados no mesmo período de 2023. Este crescimento reflecte a forte recuperação e expansão do banco, que é parte do grupo sul-africano Absa.

 

Recuperação do Moza Banco

O Moza Banco, que havia registado um prejuízo de 556 milhões de meticais (cerca de 9 milhões de dólares) no primeiro semestre de 2023, conseguiu reverter sua situação, reportando um lucro de 112 milhões de meticais (aproximadamente 1,7 milhão de dólares) em 2024. A recuperação do banco, que passou por intervenções estratégicas desde 2016, sinaliza a eficácia das medidas adoptadas para estabilizar suas operações.

 

As Perspectivas 

O crescimento expressivo do sector bancário no primeiro semestre de 2024 sinaliza uma possível recuperação económica em Moçambique, apesar dos desafios macroeconómicos enfrentados pelo País. No entanto, as variações nos desempenhos individuais dos bancos destacam a importância de estratégias eficazes de gestão e adaptação às condições de mercado.

Os resultados positivos observados até agora em 2024 indicam que os principais bancos moçambicanos estão bem posicionados para continuar a desempenhar um papel crucial na economia do País, mas a volatilidade macroeconómica e os riscos associados ao ambiente de negócios devem ser monitorados de perto.

No cômputo geral o desempenho financeiro dos cinco maiores bancos de Moçambique no primeiro semestre de 2024 reflecte uma mistura de estabilidade, crescimento agressivo e desafios pontuais. Como o sector continua a evoluir, será interessante observar como essas instituições financeiras navegarão pelos desafios e oportunidades no restante do ano.

Fonte: O Económico

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