O clima político em Moçambique torna-se cada vez mais tenso, com uma série de manifestações violentas que levaram o Ministro da Defesa Nacional, Cristóvão Chume, a afirmar que forças internas e externas têm a intenção de derrubar o Governo democraticamente eleito. Numa conferência de imprensa em Maputo, o Ministro alertou sobre actos preparatórios que visam alterar a ordem constitucional e reafirmou o papel das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) na protecção da soberania do País.
Desde 21 de Outubro, Moçambique tem assistido a uma escalada de manifestações que, segundo Chume, visam minar a unidade nacional. Estes protestos, que têm gerado confrontos violentos, resultaram na morte de civis e polícias, além de destruírem infra-estruturas essenciais. A situação tornou-se ainda mais grave após o candidato presidencial Venâncio Mondlane convocar uma semana de greve e manifestações, culminando numa grande marcha em Maputo prevista para 7 de Novembro.
O ministro apelou para a calma e pediu aos partidos políticos que utilizem o seu papel mobilizador para acalmar os ânimos e evitar um “banho de sangue”.
Cristóvão Chume sublinhou que o governo está determinado a manter a ordem e segurança pública, com as FADM prontas para intervir caso a violência continue a escalar. “Se o escalar da violência continuar, as Forças Armadas serão chamadas para proteger o Estado”, declarou o Ministro, reforçando que o País já superou conflitos anteriores, como a guerra civil que durou 16 anos.
O Ministro destacou que as manifestações pacíficas são permitidas pela Constituição da República de Moçambique, mas que as acções violentas representam uma ameaça à estabilidade. “É importante que todos os moçambicanos contribuam para evitar que o país se desestabilize,” apelou.
Protestos dos médicos e a condenação internacional
O ambiente pós-eleitoral também mobilizou a classe médica moçambicana. Napoleão Viola, Presidente da Associação Médica de Moçambique, revelou que mais de cem pessoas foram baleadas durante os confrontos. Médicos saíram às ruas para condenar a violência, apelando à união nacional em prol da paz.
Reflexão e apelo à responsabilidade cívica
O governo moçambicano enfrenta um desafio crescente para manter a ordem num momento de grandes tensões políticas. A retórica do Ministro da Defesa deixa claro o compromisso em defender o Estado democrático e a segurança da população. Contudo, o futuro próximo dependerá da capacidade de todos os actores envolvidos de buscarem um entendimento comum e de evitarem o agravamento das tensões.
Moçambique está numa encruzilhada, onde a escolha entre a violência e o diálogo determinará o rumo do País.
Fonte: O Económico