Revista Tempo

Parque Eólico da Namaacha recebe US$ 54 milhões do Banco Africano de Desenvolvimento

O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) aprovou um empréstimo de 54 milhões de dólares para financiar o primeiro parque eólico de grande escala em Moçambique, uma iniciativa com potencial de transformar o País num centro energético regional.

O projecto , com uma capacidade de geração de 120 MW, será desenvolvido em Namaacha, cerca de 50 km a oeste de Maputo, e representa um passo importante na diversificação da matriz energética moçambicana, ainda dominada por hidroelectricidade e gás natural.

O parque eólico, que contará com a empresa pública EDM como compradora exclusiva da energia gerada sob um contrato de 25 anos, prevê produzir 331,6 GWh anualmente, oferecendo energia limpa, acessível e confiável tanto para consumo local como para mercados regionais através da interligação com a Southern African Power Pool (SAPP). A iniciativa é orçada em 224,5 milhões de dólares, com o apoio adicional de investidores como a International Finance Corporation (IFC), a US International Development Finance Corporation (DFC), e o Fundo de Infraestrutura Emergente da África e Ásia (EAAIF).

Benefícios ambientais e alinhamento com o Acordo de Paris

Com este projecto, Moçambique espera reduzir suas emissões de CO em aproximadamente 71.816 toneladas por ano, contribuindo para os seus compromissos no Acordo de Paris e avançando na transição para uma economia de baixo carbono. A energia eólica, além de proporcionar segurança energética e diversificação de fontes, representa uma aposta estratégica na sustentabilidade e na mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.

“O desenvolvimento do Parque Eólico de Namaacha é um marco para Moçambique e destaca o nosso compromisso com soluções de energia limpa,” afirmou Kevin Kariuki, Vice-Presidente de Energia, Clima e Crescimento Verde do BAD. Ele destacou que o projecto não apenas fortalecerá a segurança energética de Moçambique, mas também permitirá a comercialização de energia com os países vizinhos, promovendo o desenvolvimento socioeconômico.

Emprego e impacto social

O projecto terá um impacto directo na criação de empregos e no desenvolvimento local. Durante a fase de construção, estima-se a criação de 600 empregos, dos quais cerca de 120 serão para mulheres e 300 para jovens, promovendo a inclusão de grupos historicamente sub-representados. Após a sua conclusão, o parque eólico deverá gerar 20 postos de trabalho permanentes, priorizando a inclusão de género e jovens.

Para Jonathan Hoffman, CEO da Globeleq, uma das empresas desenvolvedoras do projecto, o Parque Eólico de Namaacha “marca um avanço significativo na caminhada de Moçambique rumo a um futuro energético sustentável.” Ele reiterou o compromisso da Globeleq em apoiar as metas de energia limpa do país e em trabalhar junto da EDM e da Source Energia para concretizar o programa “Energia para Todos até 2030,” uma meta fundamental para melhorar o acesso à energia em Moçambique.

Financiamento e suporte estratégico

O projecto de energia eólica de Namaacha é apoiado por um empréstimo de 12 milhões de dólares do Sustainable Energy Fund for Africa (SEFA), além de contribuições de instituições internacionais de desenvolvimento. Este apoio financeiro reflete o compromisso global com a transição energética de Moçambique e com a expansão de infraestrutura que permita o crescimento sustentável.

Wale Shonibare, Director do Departamento de Soluções Financeiras, Políticas e Regulamentações de Energia do BAD, destacou a importância tecnológica do projecto: “Este primeiro parque eólico de grande escala em Moçambique demonstra o potencial das tecnologias renováveis para impulsionar o crescimento sustentável, criando um setor de energia diversificado e resiliente para atender tanto às necessidades atuais quanto futuras da economia.”

Perspectivas para o futuro energético de Moçambique

O parque eólico integra-se numa série de iniciativas apoiadas pelo BAD para fortalecer o sector energético de Moçambique, incluindo o programa “Moçambique Energia para Todos” e a linha de transmissão Songo Matambo. Alinhado com a Estratégia Decenal do Banco e com o objetivo “Iluminar e Energizar a África,” o projeto reforça o compromisso de Moçambique em atingir acesso universal à eletricidade até 2030.

Com a entrada em operação deste parque eólico, Moçambique posiciona-se estrategicamente como um actor relevante no comércio de energia na região, consolidando-se como um modelo de desenvolvimento energético sustentável para África Austral. A expectativa é de que esta nova fonte de energia verde não apenas contribua para a segurança energética e o crescimento económico, mas também para a construção de um futuro mais sustentável para o país e para o continente.

Fonte: O Económico

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