Avançado português assinou um novo contrato com o Apollon, equipa cipriota, mas não descarta um eventual retorno ao seu país natal… para os leões
Em entrevista a A BOLA, Pedro Marques falou sobre a sua época de estreia no Chipre ao serviço do Apollon, onde chegou no verão do ano passado por empréstimo do NEC (Países Baixos), com opção de compra no valor de 300 mil euros.
Pela primeira vez na carreira, o avançado ultrapassou a barreira dos 10 golos numa só temporada, que acabou por ser melhor a nível individual do que coletivo. Essas boas exibições valeram-lhe a confiança do seu novo clube, que decidiu ativar essa opção de compra, com Pedro Marques a ficar ligado aos cipriotas até 2026.
– Esta foi a época mais goleadora da tua carreira, contas com 18 golos e 6 assistências, em 36 jogos, para todas as competições. Como tem sido jogar e marcar de forma consistente?
– Tem sido bom. O sentimento que eu sabia que conseguia ter várias épocas ainda não tinha conseguido concretizar isso e sabe bem, finalmente, conseguir alcançar esse objetivo de marcar a cada dois jogos, no fundo, mais assistências e soube bem. Dá-me vontade para continuar e fazer ainda melhor na próxima época.
– Foste o sétimo melhor marcador do campeonato cipriota, com 13 golos, e o melhor marcador da Taça do Chipre, com 5. No teu quarto jogo ao serviço do Apollon fizeste um hat-trick, o segundo da tua carreira, a nível profissional. Esperavas um arranque tão positivo no Chipre?
– Esperava um arranque bastante positivo, agora tão positivo ou não, não sei. Fiquei apenas feliz pelo meu trabalho estar a dar frutos e conseguir fazer tantos golos.
– Mesmo assim, o Apollon não conseguiu chegar ao play-off de campeão do campeonato. Achas que a equipa tinha condições para conseguir algo mais esta temporada ou fizeram o máximo possível?
– Não, não, claramente que tínhamos mais condições para ter feito melhor até pelo percurso que fizemos na Taça, até à semifinal, onde não acabamos por chegar à final por um golo nos 92. Acho que isso mostra toda a qualidade que a equipa tinha e o potencial que tínhamos para fazer muito melhor e estar a lutar até pelo título, mas várias coisas se foram passando durante a época… tivemos alguns resultados infelizes, alguma instabilidade e acabou por não acontecer.
– Também estiveram muito perto de chegar à final da Taça do Chipre, como disseste, como foi jogar as meias-finais e como foram esses últimos minutos da eliminatória, onde acabaram por sofrer nos descontos, numa altura em que estava tudo empatado e a decisão ia para prolongamento?
– Sim, é dos jogos que eu me lembro melhor desta época, também foi dos mais impactantes, o mais recente, mas eu lembro-me que eu próprio tive uma oportunidade de fazer golo, que a bola vai ao poste, logo nos primeiros três minutos e que temos a certeza que, se aquela bola entrasse, estávamos na final, porque não íamos dar chances ao Paphos. Eles tiveram o golo da vida deles, no minuto 92, e as nossas esperanças foram todas por água abaixo e foi duro de sentir isso, mas só tínhamos de ficar orgulhosos pelo percurso que fizemos na Taça.
– Defrontaste o APOEL logo no teu jogo de estreia e empataram por duas vezes com eles, esta temporada. Consideras que a equipa de Ricardo Sá Pinto foi o justo campeão desta edição do campeonato? E chegaste a falar com ele em alguns dos jogos?
– Sim, cheguei a falar com ele em alguns jogos, até fora do futebol cruzámo-nos algumas vezes durante a época. Claro que são os justos campeões, porque foram a equipa que fez mais pontos, portanto, não há maneira de dizer que não foram justos campeões. Mas eram uma equipa muito competitiva, com um ADN de vitória muito forte e isso fez com que fossem campeões no final de contas.
– Queria falar um pouco de Mathieu Valbuena. Como foi partilhar o balneário e o relvado com um atleta tão experiente com ele, que jogou por alguns grandes clubes europeus?
– Foi muito bom, foi uma experiência que já tive com outras grandes estrelas no Sporting e no NEC. É uma pessoa excelente, um profissional, se não o maior profissional da equipa, está lá no top 3 facilmente, e ajuda-nos muito fora e dentro do campo. Foi bastante bom, aprendi bastante e acredito que também possa ter ajudado durante a época no percurso dele.
– E porquê o número 43 na camisola? Já o tinhas usado pelo Sporting e o Gil Vicente. Escolheste-o no Apollon por causa desses momentos especiais ou há outro significado?
– O 43 é o número do voo que os meus amigos tiveram quando me foram visitaram na primeira vez que eu me mudei para o estrangeiro e lembro-me que na altura havia essa possibilidade de escolher os números e eu mandei-lhes a lista para eles: ‘olha, não tenho preferência, o que vocês dizem?’. Eles encontraram essa coincidência e ficou o 43.
– Ajudaram-te muito nessa primeira experiência no estrangeiro?
– Sim, quando tu te mudas para o estrangeiro, viver sozinho é sempre difícil, pode ser bastante solitário e o apoio que tu tens da tua família e dos teus amigos não está em uma hora de carro, mas está em três horas de avião. E faz bastante diferença eles terem, tantas vezes, tanto eles como a minha família, visitado e também eu ter ido bastantes vezes a Portugal ajudou-me bastante, que não tivesse ido abaixo e tivesse tido uma época forte.
– A chegada de Bas Dost, com quem até chegaste a treinar na equipa principal do Sporting, para o NEC teve algum impacto na tua saída do clube para o Chipre? Percebeste que não ias ter o espaço que desejavas?
– Não, o meu percurso já estava traçado. Já tínhamos decidido o que é que seria o plano para mim, até por vontade própria. Ter tido a oportunidade de partilhar o balneário outra vez com o Bas Dost foi bastante especial, que eu me lembro bastante bem do primeiro dia em que ele chega, cumprimenta-me logo com ‘Como estás, amigo, está tudo bem?’, com o seu português. Ainda se lembrava bastante de mim e isso também foi especial, poder partilhar esses momentos antes da minha saída.
– E o facto de haver muitos portugueses no campeonato cipriota teve algum peso na tua decisão?
– Muito honestamente, o único peso que teve foi quando fui perguntar, e tentar aconselhar-me, consegui ter bastantes testemunhos de outros portugueses, portanto foi por aí, agora ter ou não tantos portugueses na liga não pesou assim tanto.
– O Apollon ativou a opção de compra pelo teu passe. Pretendes continuar no campeonato cipriota num futuro próximo?
– Sim, quero ter um sucesso coletivo superior e individual também e vou trabalhar e lutar para o conseguir agora na próxima época no Apollon. É esse o meu objetivo.
– E um regresso a Portugal, não nos próximos dois ou três anos, mas num futuro próximo, se gostavas que isso acontecesse, até para o Sporting, por exemplo?
– Sim, para o Sporting claro que sim. Para Portugal, neste momento, não me revejo a ir, mas nunca se sabe, o futebol é muito imprevisível e tudo pode acontecer.
Fonte: A Bola