O Conselho Deliberativo do Corinthians recebeu, no fim da tarde desta segunda-feira, o requerimento que solicita a destituição de Augusto Melo da presidência do Corinthians.
O documento, de autoria do “Movimento Reconstrução SCCP”, contém mais do que 50 assinaturas, número mínimo para que a solicitação seja apreciada pelo presidente do CD. Desta maneira, cresce a pressão em cima do mandatário do clube, que no último dia 12 teve caso levado à Comissão de Ética para processo de apuração, também sob risco de sugestão de impeachment.
O REQUERIMENTO O documento pede “tramitação sucinta” e se apega, principalmente, ao Artigo 106, “b” e “d”, do Estatuto do clube, além da Lei 14.597/23, referente a nova Lei Geral do Esporte, que dispõe sobre crimes de “Lavagem” ou ocultação de bens.
Art. 106 – São motivos para requerer a destituição do Presidente e/ou dos Vices:
b) ter ele acarretado, por ação ou omissão, prejuízo considerável ao patrimônio ou à imagem do Corinthians.
d) ter ele infringido, por ação ou omissão, expressa norma estatutária.
Em 19 páginas, que detalham acontecimentos recentes promovidos pela atual gestão, o requerimento se apoia em fundamentos que objetivam apontar eventuais problemas e condutas temerárias da gestão após avaliação dos seguintes casos:
-Entrevista de Rubens Gomes, o Rubão, ao Mesa Redonda, da TV Gazeta, quando o ex-diretor de futebol apontou o início da desconfiança sobre o contrato do clube com a VaideBet.
-“Laranja” na intermediação da VaideBet.
-Depoimento de Cassundé à Polícia, refutando ter feito intermediação.
-Debandada de dirigentes, perda do patrocínio e prejuízo moral.
-Depoimento de Armando Mendonça à Polícia, apontando omissão dos gestores.
-Agressão de Augusto a um torcedor do Cruzeiro, em MG, com prejuízo a imagem da instituição.
No requerimento, conselheiros afirmam o Corinthians como “vítima de crimes cometidos pelos próprios dirigentes” e ainda reforçam a intenção de se obter para o clube o devido “ressarcimento do prejuízo em razão do pagamento errôneo à malfadada empresa que nunca intermediou a confecção do contrato com a antiga patrocinadora”.
ENTREVISTA EXCLUSIVA Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo e responsável por comandar todo o processo, deve encaminhar, até o fim desta semana, o requerimento de destituição de Augusto Melo, recebido nesta segunda, à Comissão de Ética, para que o documento seja anexado ao processo, já em curso, de apuração sobre as ações do mandatário e outros seis investigados: Armando Mendonça (vice); Rozallah Santoro (ex-diretor financeiro); Yun Ki Lee (ex-diretor jurídico); Fernando Perino (ex-diretor adjunto jurídico); Marcelo Mariano (diretor administrativo) e Rubens Gomes (ex-diretor de futebol).
“Um caso desse não pode demorar, não deve durar nem dois meses. Eu não vou arquivar e julgar ninguém sozinho, vou cumprir o estatuto, votando no plenário. Seja qual for o parecer, vai votar. Vai ter que ser no voto. Busquei o caminho mais claro, mais transparente e regimentário”, explicou Romeu Tuma Jr, após ser procurado pela Gazeta Esportiva.
O presidente do Conselho reforçou que a inevitável votação no órgão fiscalizador vai acontecer em cima dos pareceres que forem apresentados pelas Comissões de Ética e Justiça. Portanto, se houver, por parte destas comissões, sugestão de destituição do presidente Augusto Melo, esta penalidade será definida pelos membros do Conselho Deliberativo.
“A Comissão de Justiça não tem poder de apontar crimes. Ela encontrou indícios sobre sete pessoas que poderiam desencadear penalidades no Estatuto. A juiza sugeriu que fosse apurado pela Comissão de Ética, que é uma comissão processante, tem poder para pedir provas e ouvir as pessoas. Se a Comissão entender que houve infringência, você pode encaminhar para votação no Conselho”.
“Os outros podem ser expulsos, advertidos. O presidente não pode ser expulso, ele pode ser destituído do cargo. É a Comissão de Ética que, individualmente, recomenda as eventuais penalidades, mas o parecer dela não é definitivo. O Estatuto fala que quem delibera é o Conselho. A Comissão faz parecer, recomendando, e nós podemos votar no plenário”.
“Eu legitimei a Comissão de Justiça para ser parte da apuração da Comissão de Ética, ela (a CJ) vai acompanhar o processo, e as duas comissões podem apresentar votos conflitantes. Nós votamos o que vier de lá. Não é preciso um pedido de impeachment para destituir um presidente. Nós receberemos os pareceres das comissões e votaremos para deliberar”.
Caso a destituição de Augusto Melo seja votada no Conselho Deliberativo, após recomendação das comissões competentes, e o órgão forme maioria sobre a decisão de afastar o presidente do cargo de maneira definitiva, os sócios se tornarão a última esperança de Augusto Melo.
“No caso específico de presidentes, a decisão precisa ser referendada pela assembleia geral, com votação dos sócios”, avisou Romeu.
Augusto Melo e outros dirigentes e ex-dirigentes do Corinthians também estão sob risco de serem indiciados pela Polícia Civil, que está investigando o acordo feito pelo clube com a VaideBet. O andamento deste processo pode dificultar a situação do presidente corintiano dentro do clube.
“Se eles forem indiciados pela Polícia, agrava no processo administrativo dentro do clube, com certeza”, concluiu o presidente do Conselho Deliberativo.
O Estatuto corintiano prevê, na hipótese de destituição de um presidente, que a função seja assumida pelo primeiro vice, lugar ocupado por Osmar Stabile atualmente, de maneira temporária, e que em até 30 dias aconteça uma votação dentro do Conselho Deliberativo para eleição de um novo presidente.
Fonte: OneFootball