Revista Tempo

Dólar regista terceiro ganho semanal consecutivo com apoio de dados fortes dos EUA e expectativas de estímulos na China

O dólar americano está a caminho de alcançar o seu terceiro ganho semanal consecutivo, sustentado por uma combinação de factores económicos e geopolíticos que têm moldado as expectativas do mercado sobre a política monetária dos Estados Unidos e os desenvolvimentos internacionais. Na sexta-feira, 18 de Outubro, o dólar reforçou a sua posição como uma das moedas mais fortes do mundo, reflectindo a resiliência da economia americana e a postura dovish de outros bancos centrais, como o Banco Central Europeu (BCE).

Um dos principais impulsionadores deste desempenho tem sido a robustez dos dados económicos dos EUA. As vendas a retalho aumentaram mais do que o esperado em Setembro, sinalizando uma procura interna mais forte e reduzindo as expectativas de cortes imediatos nas taxas de juro por parte da Reserva Federal. Além disso, segundo Jason Wong, estrategista sénior do BNZ em Wellington, “o dólar tem acompanhado o crescimento das previsões eleitorais de Trump”, o que reforça a percepção de que uma nova presidência de Donald Trump poderá manter as políticas tarifárias e fiscais que sustentam as taxas de juro elevadas.

Por outro lado, o Banco Central Europeu adoptou uma postura mais moderada, cortando recentemente as taxas de juro em 25 pontos base e sinalizando que poderá continuar a reduzi-las em Dezembro, caso os dados económicos justifiquem essa decisão. Esta abordagem mais cautelosa do BCE tem pressionado o euro, que caiu quase 1% na semana, e está estacionado em valores próximos de um mínimo de dois meses e meio. “O BCE poderá voltar a cortar as taxas em Dezembro, a menos que haja uma mudança significativa nos dados”, revelaram quatro fontes próximas do assunto à Reuters.

Na Ásia, os dados da economia chinesa têm sido mistos. Embora o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre tenha superado ligeiramente as expectativas, o investimento imobiliário caiu mais de 10% nos primeiros nove meses do ano. O fraco desempenho deste sector tem sido um dos maiores entraves ao crescimento da segunda maior economia do mundo. Mesmo assim, o Banco Popular da China (PBOC) anunciou novas medidas de estímulo para apoiar a economia, incluindo a criação de uma Facilidade de Swap para Valores Mobiliários, Fundos e Seguros (SFISF). Estes esforços de Pequim para estabilizar os activos financeiros internos ajudaram a impulsionar ligeiramente o yuan, tanto no mercado onshore como offshore.

O yuan chinês subiu 0,06% para 7,1193 por dólar no mercado onshore, enquanto no offshore aumentou 0,1% para 7,1307 por dólar. “O foco está agora em como o governo chinês vai actuar em termos de estímulo fiscal, dado que a meta de crescimento de 5% está oficialmente em risco”, afirmou Ho Woei Chen, economista da UOB.

Apesar disso, a falta de detalhes sobre as medidas adicionais para sustentar o crescimento deixou os mercados globais apreensivos, e o yuan está a caminho da sua maior queda semanal em mais de 13 meses. De acordo com Yeap Jun Rong, do IG, “os mercados têm mostrado cautela face à recuperação da China, especialmente devido à ausência de um forte impulso fiscal”, o que mantém a moeda chinesa sob pressão.

No Japão, os dados sobre os preços ao consumidor revelaram um aumento de 2,4% em Setembro, ligeiramente acima do esperado, o que deverá influenciar as negociações salariais lideradas pelo maior sindicato do País, o Rengo. No entanto, o Yen continua a ceder terreno ao dólar, que tem mantido níveis robustos devido à força da economia americana.

A nível geopolítico, o assassinato de Yahya Sinwar, líder do Hamas, pelas forças israelitas, fez com que o shekel israelita subisse para o nível mais alto das últimas duas semanas, apesar de Benjamin Netanyahu ter reafirmado que os combates em Gaza irão continuar. Embora este desenvolvimento tenha sido inicialmente bem recebido pelos mercados israelitas, a situação no Médio Oriente continua volátil, com potenciais repercussões nos mercados globais.

Adicionalmente, a bitcoin também tem registado uma subida notável, alimentada pela percepção de que uma administração Trump poderia adotar uma abordagem mais suave na regulamentação das criptomoedas. A bitcoin valorizou mais de 10% desde o início de Outubro, sendo actualmente negociado a 67.706,82 dólares.

Em conclusão, a força do dólar tem sido alimentada por uma mistura de factores que incluem uma economia americana robusta, expectativas de taxas de juro mais altas, desenvolvimentos geopolíticos e a incerteza económica em regiões como a China e a Europa. À medida que o ano se aproxima do final, o comportamento do dólar continuará a ser moldado pelas expectativas eleitorais nos EUA e pela capacidade das outras grandes economias globais em estabilizar as suas trajectórias de crescimento.

Fonte: O Económico

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