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FIFA e o papel da mulher no futebol

FIFA e o papel da mulher no futebol

As mulheres não podem ser tratadas ou vistas da mesma forma que os homens

O Último mês trouxe algumas boas notícias, provenientes da FIFA, no que diz respeito ao futebol feminino. Foram divulgadas as novas medidas de apoio à carreira das jogadoras e treinadoras, envolvendo temas tão sensíveis como o período de maternidade e o bem-estar das mulheres no desporto. Vieram reforçar e reconhecer as dimensões físicas, psicológicas e sociais que poderão impossibilitar jogadoras e atletas de se apresentarem ao trabalho devido a complicações na gravidez ou por menstruação intensa.

São temas que, por cá, pouco ou nada são abordados, mas que assumem uma importância vital para a jogadora ou treinadora. Diz a diretora executiva do futebol feminino da FIFA, Sarai Bareman, que esta nova regulamentação permitirá valorizar o lado pessoal das jogadoras. «Quando se trabalha no desporto, num contexto profissional, devemos ter em consideração que o ciclo menstrual poderá impactar a capacidade das profissionais, podendo trazer riscos para o seu emprego no clube e, consequentemente, a capacidade de ganhar dinheiro», sublinhando Bareman que as novas medidas entram já em vigor a partir deste mês de junho – inseridas no Regulamento sobre o Estatuto e Transferência de Jogadores – e são um complemento às introduzidas em 2020, quando foi apresentado o período mínimo de licença de maternidade de 14 semanas para as jogadoras, agora alargado para treinadoras, período que abrange agora também as situações de adoção.

Também em maio, a FIFA aprovou o calendário internacional feminino 2026-2029, que proporcionará às jogadoras mais oportunidades de descanso e repouso, encurtando de seis para cinco as datas internacionais, com o intuito de reduzir as interrupções das ligas nacionais e as deslocações ao serviço das seleções. Foi, igualmente, apresentada a primeira edição da Taça do Mundo Feminina de Clubes FIFA, que irá realizar-se em janeiro/fevereiro de 2026 com a participação de 16 equipas.

Tudo isto reflete a forma como os organismos competentes estão a adaptar-se ao rápido impacto que o futebol feminino tem provocado a nível desportivo e social, sentindo a necessidade de regular um desporto que apesar de ser o mesmo – futebol – tem especificidades que no masculino não se colocam. As mulheres não podem ser tratadas ou vistas da mesma forma que os homens; o desporto feminino necessita, por isso, dos seus próprios deveres e direitos. E por isso a FIFA tem feito regulamentos de forma a adaptar o treino, o descanso, a alimentação, a sobrecarga, no fundo adaptar o jogo à realidade da mulher.

Mas enquanto lá por fora se fazem estes avanços, por cá ainda nem um contrato coletivo de trabalho conseguimos alcançar. O que obriga um grande número de jogadoras a jogarem totalmente desprotegidas dos seus direitos.

Fonte: A Bola

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