Neemias Queta está perto de concretizar algo com que até em sonho era difícil de acreditar
Não consegui deixar de achar curioso que, naquele que, provavelmente, foi o último Inside NBA, programa da TNT que após 35 anos deverá ter terminado por a estação não ter renovado o contrato com a Liga, depois dos Dallas Mavericks terem eliminado os Minnesota Timberwolves por 4-1 na final da Conferência Oeste, Charles Barkley, que pertenceu ao Dream Team que encantou nos Jogos de Barcelona-1992 e foi 11 vezes All-Star, tenha referido que uma coisa que o marcou quando disputou os Finals, em 1993, pelos Phoenix Suns contra os Chicago Bulls, foi a quantidade de jornalistas com que se deparou, assim como a pressão extra que provocam.
Algo que os não menos experientes Shaquille O’Neal (quatro vezes campeão e cinco All-Star) e Kenny Smith (duas vezes campeão), que com ele há décadas dividem o plateau do programa conduzido pelo jornalista Ernie Johnson, concordaram. Toda aquela gente era realmente marcante, apesar da experiência que tinham.
E posso garantir que os jornalistas naquela altura, apesar de muitos jornais e revistas terem, entretanto, desaparecido, não se comparam nem de perto às centenas que hoje em dia acompanham o evento para televisões, jornais, sites… a que se juntam uma ou outra dezena de influencers que nos últimos anos a Liga, sempre atenta ao que pode ajudar a vender o seu produto, passou a abraçar.
Barkley referia-se, por associação de ideias, estes serem os primeiros Finals da estrela dos Mavs Luka Doncic. Kyrie Irving já passou pela experiência três vezes e foi campeão em 2016 ao lado de LeBron James nos Cleveland Cavaliers. No entanto, o base esloveno também disputou finals four da EuroLiga pelo Real Madrid, ganhando em 2018, venceu o Eurobasket em 2017, esteve em mundiais, Jogos Olímpicos…
Nos Boston Celtics, James Tatum e Jaylon Brown viveram os Finals há duas temporadas contra os Golden State Warriors, mas para Neemias Queta… será uma experiência de vida pela qual nunca passou. E nunca sabe se voltará a viver. Quantas superestrela ou simples jogadores jamais concretizaram o sonho de estar nuns Finals nos 78 anos de existência da NBA? Demasiados.
Certamente, o poste português, que depois de amanhã estará no TD Garden, em Boston, para o Jogo 1 contra os Mavericks, encontrar-se-á num plano secundário, sem ter o foco constante como Tatum, Brown, Doncic ou Irving, mas a pressão está lá, certamente. Boa até para alguém que, aos 24 anos, e ao fim de três épocas na Liga, desde que foi a 39.ª escolha do draft de 2021 por parte dos Sacramento Kings, onde atuou nas duas anteriores épocas, está a terminar a melhor temporada da carreira em jogos, médias e oportunidades.
Depois da estreia no play-off, agora os Finals… melhor só mesmo sagrar-se campeão. E logo nos Celtics, que têm 17 títulos e são um dos três clubes originais da NBA no ativo. Seria a concretização de algo importante para alguém que quis mais do que o basquetebol português, arriscou e em 2018 atravessou o Atlântico para ingressar na Universidade de Utah State em busca da sua fantasia. Está perto de, provavelmente, concretizar algo com que até em sonhos era difícil de acreditar.
Fonte: A Bola